Viva a educação! Filha de pescador se torna reitora em universidade brasileira

Nascida em uma família humilde do litoral do Maranhão, Luciléa se dedicou aos estudos, formou-se em Geografia e agora chegou ao posto de reitora de uma universidade pública.

Se você ainda tinha alguma dúvida do potencial transformador da educação, se liga nessa história. A Luciléa Ferreira Lopes Gonçalves cresceu em uma família humilde na comunidade da Ilha de Peru, pertencente à cidade de Cururupu, litoral do Maranhão.

Seu pai, um pescador que estudou apenas até a 3ª série do ensino fundamental, batalhou muito para sustentar a todos. Hoje, não faltam motivos para comemorar: Luciléa é a nova reitora da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL).

Mas como foi essa trajetória de uma infância humilde até o posto mais alto de uma universidade pública? A inspiração veio do próprio pai, seu Antônio! Em suas viagens para vender pescado (principalmente camarão), ele acabou conhecendo a realidade da cidade.

Percebeu, então, que os seus filhos só teriam a oportunidade de uma viver melhor se seguissem no caminho dos estudos – uma chance que o próprio Antônio não teve.


“Ao ver esse mundo, ele decidiu se esforçar para colocar todos os sete filhos pra estudar. Hoje, somos todos formados em universidades federais [com exceção de um irmão, que formou-se em uma estadual]. Ele formou todos sustentados pela pesca e venda do camarão lá da Ilha de Peru”, explica Luciléa, segundo o UOL. O seu pai faleceu em 2014, antes da filha se tornar reitora.

Jornada dupla

Mesmo com todas as dificuldades e precisando até mesmo mudar de cidade para concluir os estudos, Luciléa passou no vestibular de Geografia na Universidade Federal do Maranhão.

Formou-se e, em 1990, veio mais uma grande vitória: foi aprovada na seleção para trabalhar como professora substituta em outra universidade pública, a UEMA.

Luciléa no momento da posse como reitora (imagem: arquivo pessoal/UOL)

Conciliava as aulas no ensino superior com as aulas que dava no ensino médio. Trabalhava 40 horas na universidade e 20 horas na escola. Era manhã, tarde e noite, até que me aposentei do ensino médio em 2020. Fiquei só na universidade, mas já ia me aposentar quando me chamaram para disputar o cargo. Falaram que, pela trajetória que eu tinha, por ser mulher, seria importante me candidatar. Acho que isso veio a coroar toda uma trajetória na academia. Nunca tive o objetivo de ser reitora, mas fomos e ganhamos a eleição

É simbólico a reitoria ser ocupada por uma mulher guerreira, de infância pobre e uma trajetória de muita luta e empenho pelos estudos. Sem dúvidas, uma inspiração para tantos estudantes que podem se espelhar na história de Luciléa para também atingirem seus objetivos na vida.

Seu Antonio pode não ter tido a oportunidade de ver esse momento, mas, certamente, estaria muito orgulhoso e feliz em ver até onde chegou sua filha. Com certeza, teria o sentimento de que valeu muito a pena todo o seu esforço incansável para que os filhos estudassem e conseguissem um futuro melhor.

Que a educação continue abrindo portas e possibilitando notícias boas como essa!

Fonte: UOL

Marcelo Silva
Escrito por

Marcelo Silva

Jornalista apaixonado por contar histórias. Paranaense radicado em São Paulo. Louco por viagens e experiências novas.