A tripofobia (o medo de buracos) pode não ser uma verdadeira fobia
O medo de buracos, ou tripofobia, pode não ser uma verdadeira fobia no fim das contas. Pelo menos é o que mostra estudos recentes sobre o tema. Confira!
Não precisa conhecer a tripofobia para saber que o mundo das fobias é tão amplo quanto bizarro.
Eufobia é o medo de boas notícias. A ergofobia é medo do local de trabalho. E a fobofobia é o medo das fobias.
Algumas pessoas têm medo de ir ao dentista.
Graças à nova pesquisa da Universidade Emory, em Atlanta (EUA), os cientistas estão preparados para refutar uma suposta fobia. Ela mesma, a tripofobia.
Medo ou nojo?
Acontece que a tripofobia — descrita como um medo de um grupo de pequenos buracos – pode não ser desencadeada pelo medo. De fato, uma nova pesquisa publicada no periódico PeerJ mostra que os tripofóbicos, na verdade, sentem nojo dos buracos, e não medo.
É uma distinção pequena que faz mais do que possivelmente refutar outra fobia.
Portanto, a descoberta dá aos cientistas uma nova perspectiva sobre a ampla questão de como os seres humanos evoluíram para escapar do perigo e se proteger.
A visão de uma cobra venenosa ou aranha muitas vezes evoca sentimentos caracterizados como medo. É a maneira do corpo de dizer a você para evitar essas criaturas por causa do risco de ser mordido.
Da mesma forma, a reação aos buracos agrupados também pode ser a maneira do corpo nos dizer para evitar algo — apenas as novas descobertas dizem que os sentimentos de nojo estão mais intimamente ligados à nossa aversão a comida podre ou pessoas que estão visivelmente doentes.
Em outras palavras, os seres humanos — particularmente os auto-proclamados tripofóbicos — podem associar buracos com a origem de doenças.
Quando os animais sentem medo, muitas vezes desencadeia uma reação chamada de “luta ou fuga” e uma frequência cardíaca mais alta. Mas sentimentos de nojo diminuem a frequência cardíaca e a respiração — que os pesquisadores associaram à cautela.
Desvendando a tripofobia
Os pesquisadores puderam estudar o assunto observando a resposta pupilar que dois grupos de cerca de 40 pessoas tiveram em certas imagens.
Quando as pessoas vêem coisas diferentes e experimentam sentimentos como medo e desgosto, suas pupilas involuntariamente se movem de maneiras específicas.
Então os cientistas confrontaram seus voluntários com imagens de buracos, aranhas e cobras, entre outras coisas.
Tripofóbicos autodeclarados experimentaram mudanças maiores no tamanho da pupila quando confrontados com a imagem dos buracos. Eles eram menores quando olhavam para imagens de cobras e aranhas. A mudança maior do tamanho da pupila é mais consistente com sentimentos de nojo do que medo.
“O resultado dessa associação pode ser uma resposta de abstinência correspondente controlada pelo sistema nervoso parassimpático”, escrevem os pesquisadores.
“Estes dados sugerem que, embora uma aversão geral possa estar enraizada em propriedades espectrais visuais comuns, a resposta emocional específica pode refletir a avaliação cognitiva do conteúdo da imagem.”
Tripofóbicos têm nojo
Em outras palavras, nossos cérebros têm a capacidade de distinguir rapidamente algo que vemos e julgar como devemos responder a essa ameaça percebida com base apenas em sua aparência.
A evidência corresponde a um estudo de 2017 da Universidade de Kent, na Inglaterra. Nesse estudo, os pesquisadores descobriram que a tripofobia é um conceito excessivamente generalizado.
Ainda, eles concluíram que as respostas das pessoas a imagens de vagens de lótus e favos de mel despertaram mais sentimentos de aversão do que medo.
O motivo? As reações se pareciam muito com a visão de doenças parasitárias e decomposição.
Via: qz.com. Imagens: Shoot N’ Design @ unsplash.com / Frank Luca @ unsplash.com.
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