Poemas de Ezra Pound: os 5 mais bonitos

Assim como esses poemas de Ezra Pound para refletir mais sobre a vida, aproveite esses textos para buscar ser mais uma pessoa ligada a literatura mundial.

Na verdade, ler os poemas de Ezra Pound nos desafia a enxergar o mundo com novos olhos, promovendo uma reflexão profunda sobre a complexidade da vida.

A obra de Ezra Pound, rica em simbolismo e referências culturais, estimula nossa mente e nos incentiva a questionar nossas próprias experiências e percepções. Descubra mais a seguir!

Poemas de Ezra Pound

Refletir sobre os temas abordados por Ezra Pound, como a busca pela verdade e a natureza humana, nos ajuda a desenvolver uma compreensão mais profunda e empática do mundo ao nosso redor.

Poemas de Ezra Pound

1 – A Ilha Lacustre

Ó Deus, Ó Vênus, Mercúrio, senhor dos ladrões,
Me dêem na hora certa, eu imploro, uma pequena tabacaria
Com as caixinhas brilhantes
empilhadas com capricho nas prateleiras
E o cavendish de suave fragrância
o tabaco picado,
E o brilhante Virginia
avulso nas vitrines brilhantes,
E duas balanças sem muita gordura,
E as putas que chegam pra dois dedos de conversa, de passagem,
Pra jogar conversa fora, e dar um jeito no cabelo.

Ó Deus, Ó Vênus, Mercúrio, senhor dos ladrões,
Me emprestem uma pequena tabacaria,
ou me ponham em qualquer profissão
Salvo esta maldita de escrever,
onde é preciso ter miolos todo o tempo.

Poemas de Ezra Pound

2 – Cantares 81 (fragmento)

O que amas de verdade permanece,
o resto é escória
O que amas de verdade não te será arrancado
O que amas de verdade é tua herança verdadeira
Mundo de quem, meu ou deles
ou não é de ninguém?
Veio o visível primeiro, depois o palpável
Elísio, ainda que fosse nas câmaras do inferno,
O que amas de verdade é tua herança verdadeira
O que amas de verdade não te será arrancado

A formiga é um centauro em seu mundo de dragões.
Abaixo tua vaidade, nem coragem
Nem ordem, nem graça são obras do homem,
Abaixo tua vaidade, eu digo abaixo.
Aprende com o mundo verde o teu lugar
Na escala da invenção ou arte verdadeira,
Abaixo tua vaidade,
Paquin, abaixo!

O elmo verde superou tua elegância.
“Domina-te e outros te suportarão”
Abaixo tua vaidade
Tu és um cão surrado e largado ao granizo,
Uma pega inchada sob o sol instável,
Metade branca, metade negra
E confundes a asa com a cauda
Abaixo tua vaidade
Que mesquinhos teus ódios
Nutridos na mentira,
Abaixo tua vaidade,
Ávido em destruir, avaro em caridade,
Abaixo tua vaidade,
Eu digo abaixo.

Mas ter feito em lugar de fazer
isto não é vaidade
Ter, com decência, batido
Para que um Blunt abrisse
Ter colhido no ar a tradição mais viva
ou num belo olho antigo a flama inconquistada
Isto não é vaidade.
Aqui, o erro todo consiste em não ter feito.
Todo: na timidez que vacilou.

Poemas de Ezra Pound

3 – Envoi (1919)

Vai, livro natimudo,
E diz a ela
Que um dia me cantou essa canção de Lawes:
Houvesse em nós
Mais canção, menos temas,
Então se acabariam minhas penas,
Meus defeitos sanados em poemas
Para fazê-la eterna em minha voz

Diz a ela que espalha
Tais tesouros no ar,
Sem querer nada mais além de dar
Vida ao momento,
Que eu lhes ordenaria: vivam,
Quais rosas, no âmbar mágico, a compor,
Rubribordadas de ouro, só
Uma substância e cor
Desafiando o tempo.

Diz a ela que vai
Com a canção nos lábios
Mas não canta a canção e ignora
Quem a fez, que talvez uma outra boca
Tão bela quanto a dela
Em novas eras há de ter aos pés
Os que a adoram agora,
Quando os nossos dois pós
Com o de Waller se deponham, mudos,
No olvido que refina a todos nós,
Até que a mutação apague tudo
Salvo a Beleza, a sós.

Poemas de Ezra Pound

4 – E assim em Nínive

“Sim, sou um poeta e sobre a minha tumba
Donzelas hão de espalhar pétalas de rosas
E os homens, mirto, antes que a noite
Degole o dia com a espada escura.

“Vê! Não cabe a mim
Nem a ti objetar,
Pois o costume é antigo
E aqui em Nínive já observei
Mais de um cantor passar e ir habitar
O horto sombrio onde ninguém perturba
Seu sono ou canto.
E mais de um cantou suas canções
Com mais arte e mais alma do que eu;
E mais de um agora sobrepassa
Com seu laurel de flores
Minha beleza combalida pelas ondas,
Mas eu sou um poeta e sobre a minha tumba
Todos os homens hão de espalhar pétalas de rosas
Antes que a noite mate a luz
Com sua espada azul.

“Não é, Raana, que eu soe mais alto
Ou mais doce que os outros. É que eu
Sou um Poeta, e bebo vida
Como os homens menores bebem vinho.”

Poemas de Ezra Pound

5 – Canto I

E pois com a nau no mar,
Assestamos a quilha contra as vagas
E frente ao mar divino içamos vela
No mastro sobre aquela nave escura,
Levamos as ovelhas a bordo e
Nossos corpos também no pranto aflito,
E ventos vindos pela popa nos
Impeliam adiante, velas cheias,
Por artifício de Circe,
A deusa benecomata.

Assim no barco assentados
Cana do leme sacudida em vento
Então com vela tensa, pelo mar
Fomos até o término do dia.
Sol indo ao sono, sombras sobre o oceano
Chegamos aos confins das águas mais profundas.
Até o território cimeriano,
E cidades povoadas envolvidas
Por um denso nevoeiro, inacessível
Ao cintilar dos raios de sol, nem a
O luzir das estrelas estendido,
Nem quando torna o olhar do firmamento
Noite, a mais negra, sobre os homens fúnebres.
Refluindo o mar, chegamos ao local
Premeditado por Circe.

Aqui os ritos de Perímedes e Euríloco e
“De espada a cova cubital escavo”.
Vazamos libações a cada morto,
Primeiro o hidromel, depois o doce
Vinho mais água com farinha branca.
E orei pela cabeça dos finados;
Em Ítaca, os melhores touros estéreis
Para imolar, cercada a pira de oferendas,
Um carneiro somente de Tirésias,
Carneiro negro e com guizos.

Sangue escuro escoou dentro do fosso,
Almas vindas do Erebus, mortos cadavéricos,
De noivas, jovens, velhos, que muito penaram;
Úmidas almas de recentes lágrimas,
Meigas moças, muitos homens
Esfolados por lanças cor de bronze,
Desperdício de guerra, e com armas em sangue
Eles em turba em torno de mim, a gritar,
Pálido, reclamei-lhes por mais bestas;
Massacraram os rebanhos, ovelhas sob lanças;
Entornei bálsamos, clamei aos deuses.

Plutão, o forte, e celebrei Prosérpina;
Desembainhada a diminuta espada,
Fiquei para afastar a fúria dos defuntos,
Até que ouvisse Tirésias.
Mas primeiro veio Elpenor, o amigo Elpenor,
Insepulto, jogado em terra extensa,
Membros que abandonamos em casa de Circe,
Sem agasalho ou choro no sepulcro,
Já porque outras labutas nos urgiam.

Triste espírito. E eu gritei em fala rápida:
“Elpenor, como veio a esta praia escura?
Veio a pé, mais veloz que os marinheiros?”
….E ele, taciturno:
“Azar e muito vinho. Adormeci
Na morada de Circe ao pé do fogo.
Descendo a escadaria distraído
Desabei sobre a pilastra,
Com o nervo da nuca estraçalhado,
O espírito procurou o Avernus.

Mas, ó Rei, me lembre, eu peço,
E sem agasalho ou choro,
Empilhe minhas armas numa tumba
À beira-mar com esta gravação:
Um homem sem fortuna e com um nome a vir.
E finque o remo que eu rodava entre os amigos
Lá, ereto, sobre a tumba.”

Veio Anticléia, a quem eu repelia,
E então Tirésias tebano,
Levando o seu bastão de ouro, viu-me
E falou primeiro:
“Uma segunda vez? Por quê? homem de maus fados,
Face aos mortos sem sol e este lugar sem gáudio?
Além do fosso! eu vou sorver o sangue
Para profecia.”

….E eu retrocedi,
E ele, vigor sangüíneo: “Odysseus
Deverás retornar por negros mares
Através dos rancores de Netuno,
Todos teus companheiros perderás.”
Depois veio Anticléia.
Divus, repouse em paz, digo, Andreas Divus,
In officina Wecheli, 1538, vindo de Homero.
E ele velejou entre sereias ao
largo e além até Circe.

….Venerandam,
Na frase em Creta, e áurea coroa, Afrodite,
Cypri munimenta sortita est, alegre, orichalchi, com dourados
Cintos, faixas nos seios, tu, com pálpebras de ébano
Levando o ramo de ouro de Argicida. Assim.

Ao explorar os poemas de Pound, somos convidados a mergulhar em uma jornada de autoconhecimento e introspecção, essencial para uma vida mais consciente e significativa.

Você gostou desses lindos poemas de Ezra Pound para refletir mais sobre a vida? Então não perca mais tempo e compartilhe com seus amigos e familiares. Aproveite!

Claudio Bernardo
Escrito por

Claudio Bernardo

Redator Web desde 2017, um leitor voraz e apaixonado por livros de ficção histórica.