Pesquisadores inovam e desenvolvem inteligência artificial que identifica casos de hanseníase

A tecnologia tem probabilidade de acerto superior a 90% e pode ser de grande ajuda no diagnóstico da hanseníase. A ideia dos pesquisadores é que esteja disponível em forma de aplicativo de celular.

Embora a gente não veja muitas pessoas falando sobre isso, a hanseníase ainda é um problema sério de saúde pública no Brasil. Nosso país tem o segundo maior número de casos da doença no mundo, atrás apenas da Índia. Ano passado, foram mais de 15 mil diagnósticos.

A boa notícia é que cientistas brasileiros e estrangeiros estão desenvolvendo uma inteligência artificial para ajudar a identificar os casos com precisão.

A inovação, segundo a CNN, é resultado de uma parceria entre o Instituto Oswaldo Cruz, a gigante Microsoft e a Fundação Novartis. A tecnologia tem o nome de AI4Leprosy e apresentou probabilidade de acerto de mais de 90% nos testes realizados.

A inteligência artificial analisa fotos das lesões na pele dos pacientes e também os dados clínicos repassados pelos médicos. A partir disso, ela consegue indicar se a pessoa tem ou não hanseníase. A ideia é que a ferramenta esteja disponível em forma de aplicativo de celular.

Foto: Thiago Silva/Prefeitura de Boa Vista

Avanços significativos para a medicina

 

De acordo com o pesquisador Milton Ozório Moraes, do Laboratório de Hanseníase da Fiocruz, a tecnologia pode ser importantíssima para conseguir um diagnóstico mais rápido e permitir que os profissionais de saúde comecem o tratamento do paciente o quanto antes.

 

Vale lembrar que, quando a pessoa começa a se tratar, ela deixa de transmitir a doença e também se previne de ficar com sequelas. Daí a importância do diagnóstico no controle da hanseníase.

 

Os pesquisadores basearam-se em um tipo de algoritmo de reconhecimento de imagens usado para descobrir casos de melanoma, uma forma de câncer de pele. A ferramenta tem a capacidade de perceber variações sutis nas imagens.

 

 

Para isso, o desenvolvimento do AI4Leprosy teve o suporte de um grande banco de imagens de lesões. O sistema foi treinado a diferenciar a hanseníase de outras doenças de pele a partir da análise de 1.229 fotografias referentes a 585 lesões, incluindo aí as causadas por outros tipos de enfermidades.

 

 

“A hanseníase tem muitas caras, muitas formas de manifestação. O número de doenças parecidas é grande. Desde o início da pesquisa, pensamos que isso seria um desafio e buscamos alternativas para aumentar a precisão do algoritmo”, explica a dermatologista e pesquisadora da Fiocruz, Raquel Barbieri.

 

A pesquisa teve seus resultados publicados na revista científica The Lancet Regional Health – Americas. Os cientistas planejam agora fazer testes em regiões da Ásia e da África, com a intenção de avaliar a eficiência do sistema em diferentes populações e contextos.

Foto: Ricardo Puppe/Governo da Paraíba

 

 

O que é a hanseníase?

A hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium lepraee antigamente era chamada de “lepra” – termo que não é mais usado por ser considerado pejorativo. Trata-se de uma das doenças mais antigas que a humanidade tem registro, sendo conhecida há mais de 4 mil anos.

Os sintomas mais comuns são manchas (de coloração branca, vermelha, castanha ou marrom) e perda de sensibilidade na pele.

Algumas áreas do corpo também apresentam diminuição dos pelos e do suor, além de sensação de formigamento nos mãos e pés.

A transmissão acontece de pessoa para pessoa pelas vias aéreas, como espirro ou tosse. Se você apresentar os sintomas acima, procure um médico. A hanseníase tem tratamento e cura!

Marcelo Silva
Escrito por

Marcelo Silva

Jornalista apaixonado por contar histórias. Paranaense radicado em São Paulo. Louco por viagens e experiências novas.