Artista explica porque a depressão deixa as pessoas tão cansadas

É preciso que o diálogo sobre depressão seja ampliado, a fim de nos ajudarmos mutualmente a lidar com mais esse desafio do século XXI. Felizmente, pessoas como a artista visual Pauline Palita têm conseguido simplificar o discurso sobre a depressão, esclarecendo pontos importantes. Confira:

Depressão não é mais um assunto tabu, afinal de contas, aproximadamente 1 em cada 5 adultos americanos experiencia doenças mentais em algum momento da vida, segundo a Aliança Nacional sobre Doença Mental.

Por isso, é preciso que esse diálogo seja ampliado a fim de nos ajudarmos mutuamente a lidar com mais esse desafio do século XXI.

Como suas origens costumam ser subjetivas (uma doença mental pode ser desencadeada por um forte trauma, uma perda, uma série de acontecimentos concomitantes, e até mesmo suscetibilidade genética), ainda é difícil identificá-la.

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Além disso, o estilo de vida atribulado de grande parte das sociedades pelo mundo afora acaba por automatizar nossas decisões diárias e camuflar os sintomas mais evidentes.

Felizmente, pessoas como a artista visual Pauline Palita têm conseguido simplificar o discurso sobre a depressão, esclarecendo pontos importantes para todos nos relacionarmos melhor no dia a dia.

Nós fizemos uma livre tradução da sequência de mensagens que Pauline postou no seu Twitter com o objetivo de nos ajudar a entender melhor os efeitos das doenças mentais no nosso organismo, como a sensação de cansaço (vale muito a pena a leitura):

“(…) Não são muitas as pessoas que me perguntam se eu estou bem, mas quando o fazem, a resposta é sempre a mesma: ‘estou bem, só cansada’ – e elas parecem aceitar essa réplica. Para mim, ‘estou cansada’ não é só uma reclamação ou pessimismo, é um mero fato da vida.

Permita-me explicar porque uma pessoa que está lutando constantemente com o seu cérebro e expectativas sociais pode se sentir tão drenada:

Elas são pessoas cujos cérebros estão presos aos excessos e têm uma grande dificuldade de relaxar e pegar no sono à noite.

Para a maioria das pessoas, leva aproximadamente sete minutos para cair no sono. Mas imagine ficar rolando na cama exausto, por cerca de uma hora – em vez de sete minutos. Cada ida ao banheiro retarda mais um pouco o relaxamento do cérebro.

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O sono dessas pessoas é frequentemente conturbado, já que passam suas noites se debatendo [mental e fisicamente] em vez de descansar.

Às vezes elas acordam com barulhos e dores, sem conseguir manter o corpo imóvel e com sons dentro da sua mente, sonhos vívidos e várias outras coisas.

Na melhor das hipóteses, essas pessoas acordam um pouco descansadas, mas é como se sua bateria estivesse danificada, como se nunca recarregasse adequadamente.

Elas não se sentem totalmente descansadas há décadas.

Elas fazem um imenso esforço para se concentrarem nas tarefas do dia a dia, enquanto suas mentes estão tentando levá-las para outros caminhos ou enquanto elas lutam para simplesmente lembrar quais são essas tarefas.

Essas pessoas têm problemas de memória porque não possuem a habilidade de lembrar tantas instruções que o mundo espera que elas saibam.

São pessoas que estão em uma guerra constante com o próprio cérebro, pessoas que estão lutando contra seus próprios pensamentos e medos; ouvindo todos os dias de suas mentes que não são suficientemente boas, fortes, magras; que não gostam de si mesmas e sempre acham que deveriam ter feito melhor.

E que também estão em constante guerra contra o julgamento e falta de compreensão das outras pessoas.

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Muitas vezes, ouvimos comentários como “Por que você está sempre cansado?” “Lide com isso”, “É apenas falta de disciplina”, “Está tudo na sua cabeça”, “Pare de ser tão pessimista” e “Pare de ser tão preguiçoso”.

Essas pessoas experimentam uma sobrecarga sensorial que as esgota mentalmente. A roupa que vão usar, os alimentos que devem comer, os ruídos e odores a seu redor – tudo isso pesa no dia a dia de uma pessoa depressiva.

Elas estão exaustas de ficar se explicando para pessoas que não se importam em entender.

(…)

É como viver em uma corda bamba sobre um canyon quando você tem medo de altura, e ainda ouvir: “Não entendo do que você está reclamando, a corda é segura. Supere isso. Eu consigo, então você também pode”.

São pessoas que estão lutando para comunicar suas experiências. (…)

(…)

Estas pessoas estão cansadas dos efeitos colaterais da medicação para lidar com os sintomas de seu diagnóstico e as expectativas da sociedade.

Elas estão lutando com suas mentes para diferenciar o que é real do que não é, porque seus cérebros apresentam tudo para eles como realidade.

(…)

São pessoas cujos músculos doem constantemente porque estão cansados ​​de estarem tensas, que sentem dores de cabeça; cujo apetite é afetado e o sistema imunológico prejudicado…

(…)

Elas precisam de alguém para olhá-las nos olhos, perceber que não estão bem e oferecer-lhes um abraço.

Então, por favor, da próxima vez que alguém que tenha “problemas invisíveis” disser que está cansado, não o trate como se fosse preguiçoso ou irracional.

Em vez disso, imagine viver sua vida em uma corda bamba sobre um abismo, ou imaginar como você se sentiria se alguém lhe criticasse, ou se acordasse várias vezes por noite durante um ano.

Qual seria o impacto físico e mental disso sobre você?

Eu te imploro, em nome de todos que lutamos nossas próprias batalhas silenciosas: seja paciente e empático. Só porque você não experimenta isso não significa que não seja uma realidade para outra pessoa.”

Acompanhe outros esclarecimentos sobre doenças mentais no twitter da artista Pauline.

Fonte: boredpanda.com.

Amanda Ferraz
Escrito por

Amanda Ferraz

Analista de SEO e editora do Awebic e Receitinhas. Escrevendo desde sempre, formada em jornalismo, fotógrafa por hobby, dando as caras na centraldoleitor.com, apaixonada por gatos, café e Harry Potter; Amandinha é leitora fissurada e estudante ininterrupta antes de qualquer coisa.