Paciente faz doação milionária para hospitais do câncer
Paciente que lutava contra câncer deixa doação milionária para os hospitais Albert Einstein e Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) em seu testamento
Muitas pessoas passam pelo tratamento de câncer no Brasil. Algumas vencem a luta, outras não. Mas a batalha é marcante na vida de todos, seja paciente ou familiar. O tratamento é agressivo e mexe com todos.
Naturalmente, as pessoas que passam por esse processo querem esquecer a dor e o sofrimento, mas um advogado paulista, mesmo não vencendo a doença, demonstrou toda a sua gratidão.
Orlando Di Giacomo Filho, um dos sócios do escritório Demarest, morreu em 2012, aos 72 anos, após três anos de tratamento contra o câncer no pulmão e deixou em testamento uma doação milionária para os hospitais Albert Einstein e o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).
Embora o falecimento tenha acontecido em 2012, o desenrolar do processo de inventário só foi concluído em 2019, quando os hospitais receberam de fato as doações.
Segundo parentes, o paciente que era solteiro e sem filhos, na medida que conviveu com o médico Paulo Hoff, diretor geral do ICESP, desenvolveu interesse pela oncologia e pelas fragilidades dos pacientes que enfrentavam o tratamento.
Um gesto que sempre será lembrado
“Foi uma grande surpresa. Ele era um paciente agradável, bom de conversa. Demonstrava curiosidade pelos tratamentos e preocupação social, mas nunca revelou que faria um gesto dessa magnitude“, afirma o médico que desconhecia as intenções do paciente.
Com o dinheiro recebido, o hospital público poderá fazer reformas que estavam comprometendo a estrutura do prédio, como a mudança de fachada.
O hospital particular já destinou o dinheiro para o desenvolvimento de pesquisas, um dos grandes interesses do seu ex- paciente.
“A realidade brasileira é de apertos orçamentários. É difícil conseguir recurso público para trocar a fachada, embora a obra fosse necessária. Como houve essa benesse, pudemos realizá-la sem ter de mexer no orçamento destinado ao tratamento dos pacientes“, ressalta o diretor geral do ICESP, falando sobre a obra que será realizada.
Ação fora do comum
Especialista também lembra o quão raras são atitudes como essa no Brasil. Embora nosso povo seja muito prestativo, não há por aqui uma cultura filantrópica.
Quem é mais rico, consegue ter um atendimento de qualidade em instituições particulares, enquanto os mais pobres sofrem com um serviço público defasado e que sobrevive graças ao amor de seus profissionais.
“Esse tipo de doação é raro no Brasil. Vivemos em um país muito desigual. Quem tem alguma sobra no orçamento pode ajudar a melhorar a vida dos brasileiros.”, afirma Hoff.
A atitude do Di Giacomo foi uma grande demonstração de gratidão às instituições que cuidaram dele no momento mais difícil de sua vida, mas além disso, foi um ato de empatia com as pessoas que viriam a passar pela mesma situação.
A doação não resolveu todos os problemas dos hospitais, mas irá possibilitar que os próximos pacientes sejam tratados com mais dignidade em um momento de grande fragilidade.
Fonte: Terra
Formado em História, entusiasta da literatura, apaixonado por artes.