5 mitos que você ainda acredita sobre a Bolsa de Valores
A Bolsa de Valores oferece um leque enorme de opções para ganhar dinheiro em oportunidades de curto, médio e longo prazo. Veja os maiores mitos da Bolsa.
É infalível. Quando alguém me pergunta o que eu faço e eu respondo que, além de publicitário, sou especulador na Bolsa de Valores, a pessoa imediatamente arregala os olhos, inclina a cabeça para trás, enruga a testa e diz: “Nossa, que arriscado! Você não tem medo de perder tudo?”
Deste ponto em diante, eu já sei que a conversa será longa.
A verdade é que poucas pessoas sabem como a Bolsa de Valores realmente funciona. Elas já ouviram falar, sabem que é para investir, comprar e vender ações e acreditam que, para isso, precisam estar no meio daquele amontoado de pessoas gritando e fazendo gestos esquisitos com a mão.
Não é bem assim. A Bolsa de Valores oferece um leque enorme de opções para ganhar dinheiro e aproveitar oportunidades de curto, médio e longo prazo.
O trader e o investidor
Para pessoas comuns — eu, você, sua tia — a Bolsa de Valores pode ser aproveitada de duas formas: investimento ou especulação.
A forma mais comum e conhecida de atuar na Bolsa é através do investimento, geralmente de médio ou longo prazo. O investidor seleciona boas empresas e, ao longo da vida, vai comprando ações e tornando-se sócio dessas empresas.
O objetivo é criar um patrimônio — idealmente que se valorize ao longo do tempo — e gerar uma renda através dos dividendos, que é a distribuição de parte dos lucros da empresa aos acionistas. Até aqui, sem muitas novidades.
A segunda forma de atuar na Bolsa é bem menos conhecida, principalmente no Brasil: a especulação.
Por ser um terreno pouco visitado e totalmente distante da cultura do brasileiro, as pessoas criam uma série de crenças que acabam causando certa aversão ao mercado especulativo. Mas essas crenças não poderiam estar mais longe da realidade.
Especular nada mais é do que investigar, estudar, raciocinar. No mercado financeiro, especular significa procurar oportunidades de ganho.
O objetivo do especulador não é gerar um patrimônio ao longo do tempo comprando ações de boas empresas. Ele quer apenas aproveitar as variações de preço de uma ação, geralmente em curto prazo. É o famoso “comprar barato e vender caro”.
É neste ponto que começam a surgir teorias, palpites e crenças infundadas. Por isso, listo abaixo os cinco maiores mitos sobre a especulação na Bolsa de Valores.
1. Especular na Bolsa é muito arriscado
Você acha arriscado dirigir um carro? Sim, existe o risco de um acidente grave, mas esse risco é dramaticamente reduzido quando você sabe como guiá-lo. Na Bolsa de Valores não é diferente.
A verdade é que existem dois tipos de pessoas que costumam dizer que operar na Bolsa é arriscado demais: a que nunca entrou no mercado e a que entrou no mercado sem fazer ideia do que estava fazendo.
Em qualquer negócio, não existe oportunidade de ganho sem algum risco envolvido. É o risco que impulsiona a evolução econômica e tecnológica do mundo. A questão é que esse risco pode e deve ser cuidadosamente medido e calculado. É por isso que boa parte do planejamento de um especulador — também conhecido como trader — envolve a criação de uma estratégia bem definida de controle de risco. O trader deve saber exatamente quanto está disposto a perder em cada operação.
Uma vez definida a estratégia, basta ter a disciplina e o controle emocional para segui-la.
2. Especuladores causam crises econômicas
Por muito tempo foi alimentada a crença de que os especuladores eram o grande mal do mercado. Essa crença ainda perdura em países mais atrasados. Jesse Livermore, talvez o maior especulador de todos os tempos, já foi até acusado de ser o responsável pelo crash de 1929 nos Estados Unidos. Um absurdo completo.
Leandro Ruschel, um dos melhores especuladores brasileiros e que me ajudou a dar os primeiros passos no mercado, escreveu em um artigo sobre o papel do especulador no mercado:
“O especulador é o óleo que lubrifica as engrenagens do mercado, oferecendo liquidez em troca de oportunidades de ganho. Sem especulador, não existe mercado para os investidores e para os tomadores de recursos.
Os especuladores podem catalisar um movimento, mas não são responsáveis pelas bases econômicas que tornam esse movimento possível. Quando a moeda de um país é desvalorizada, a culpa final é da má administração desse país, e não dos especuladores que vendem essa moeda em busca do lucro.
A especulação apenas deixa a verdade vir à tona.”
3. O mercado é manipulado
Eu já perdi as contas de quantas vezes ouvi essa frase em festas, churrascos e mesas de bar. Sempre que alguém não compreende ou não aceita certas coisas, tende a tirar conclusões simplistas.
O mercado é um ambiente livre, onde as pessoas voluntariamente colocam o seu dinheiro, buscam oportunidades e assumem riscos. As corretoras são frequentemente e rigorosamente auditadas pelos órgãos reguladores— mais até do que os bancos — e prestam conta de todas as movimentações financeiras que elas efetuam.
É claro que existem fraudes, como em qualquer outro lugar onde existam pessoas, mas afirmar que o mercado inteiro é manipulado é simplesmente um absurdo.
4. Venda descoberta tem potencial ilimitado de perdas
A venda descoberta é uma ferramenta fundamental para quem opera o mercado financeiro. Ela permite que o trader ganhe dinheiro com a queda do preço de uma ação. Ficou confuso? Eu te explico.
Funciona assim: a pessoa aluga uma quantidade de ações de outra pessoa, as vende no mercado e depois compra de volta a um preço mais baixo, ficando com o lucro.
Quando a operação é finalizada, o trader devolve a mesma quantidade de ações à pessoa que as alugou. Todo esse procedimento de aluguel acontece em segundos e as duas partes nem chegam a conversar. É tudo automatizado.
Em uma operação comum, onde a pessoa compra uma ação esperando que ela se valorize, o pior cenário possível é que aquela ação chegue a zero e ele perca o capital investido, certo?
Em uma operação de venda descoberta, se o preço da ação continuar subindo, não há um limite de alta, o que teoricamente levaria a uma perda ilimitada.
Mas, pense bem, você conhece alguém que perdeu “infinitas quantidades de dinheiro”? Nem eu.
Apenas siga uma estratégia básica de controle de risco e você ficará bem.
5. A Bolsa é como um jogo de apostas
Se algum dia alguém te falar isso, corra para o lado contrário. A Bolsa não é um jogo de apostas. É um jogo de probabilidades. E uma das formas de especular na Bolsa é através da Análise Técnica.
Uma ação pode fazer apenas três coisas: subir, cair ou “andar de lado”. O mercado sempre se moveu e sempre se moverá em tendências, formando ciclos de impulso e correção, seja para cima ou para baixo.
O que a Análise Técnica faz é identificar padrões gráficos no preço de uma ação. Esses padrões levam a uma probabilidade da ação fazer determinado movimento, seja de alta, baixa ou lateral. Cabe ao especulador identificar os padrões, calcular o risco e tomar a decisão de comprar, vender ou ficar de fora.
É virtualmente impossível acertar 100% das operações. O especulador convive diariamente com perdas. Mas operar na Bolsa é como um jogo de basquete: um time sempre levará algumas cestas, mas sairá vencedor se converter mais cestas do que levar. Matemática simples.
A Bolsa de Valores não é para qualquer um
A atividade de um trader é tão arriscada quanto a de qualquer empreendedor. Ele assume riscos, convive com incertezas, frustrações, vitórias e derrotas.
É um universo assustador e ao mesmo tempo fascinante, que exige extremo autoconhecimento, controle emocional e crescimento pessoal.
Operar na Bolsa é difícil. Sejam quais forem as suas falhas, medos, fraquezas e obsessões, o mercado irá encontrá-las e usá-las contra você, como um lutador habilidoso usa a força do oponente para levá-lo ao chão.
Mas se você passar por tudo isso e não se tornar um bom trader, não se preocupe. Com certeza você se tornará, no mínimo, uma pessoa melhor em todos os aspectos da sua vida.
Se você está interessado em conhecer mais sobre o universo especulativo do mercado financeiro, me procure nas redes sociais para bater um papo.
Analista de SEO e editora do Awebic e Receitinhas. Escrevendo desde sempre, formada em jornalismo, fotógrafa por hobby, dando as caras na centraldoleitor.com, apaixonada por gatos, café e Harry Potter; Amandinha é leitora fissurada e estudante ininterrupta antes de qualquer coisa.