Médico francês de 98 anos atende pacientes carentes há 70: ‘Eles me fazem querer continuar’
Há cerca de 70 anos, o Dr. Chenay ajuda pessoas em situação de vulnerabilidade nas ruas de Paris, especialmente moradores de rua e famílias de baixa renda. O médico comemorou seu 98º aniversário recentemente.
No mês passado, o médico francês Christian Chenay comemorou seu 98º aniversário. Ele não poderia estar mais disposto e ativo. Até aqui, são sete décadas de serviço e dedicação à Medicina.
Desde a década de 50, Chenay ajuda pessoas em situação de vulnerabilidade nas ruas de Paris, especialmente moradores de rua e famílias de baixa renda.
Em alguns dias da semana, a sala de espera do médico fica tão cheia que os pacientes fazem fila do lado de fora, dando volta no quarteirão.
Muitas pessoas de bairros periféricos distantes viajam de madrugada e chegam às quatro horas da manhã para garantir um lugar na fila.
“Este médico é muito querido porque ele leva tempo para ouvir você, ele te acalma”, afirma Yamina Derni, 63, que fez um tratamento bem-sucedido contra um tumor. “Você nem percebe a idade dele.“
O Dr. Christian é o médico mais velho de toda a França. “Eu não poderia desistir do trabalho”, disse ele em seu pequeno consultório na região de Chevilly-Larue.
Ele concedeu uma entrevista ao portal The Guardian após atender uma série de pacientes, incluindo uma criança com deficiência e uma hipertensa.
“Como posso parar [de trabalhar] quando há apenas três médicos nesta área para uma população de 19 mil pessoas?”, questionou. “Continuo fazendo isso pelos meus pacientes, principalmente pelos mais velhos, que gosto de motivar“, afirma o idoso, que também credita o fato de continuar atendendo ao fato de querer permanecer ativo.
Para o Dr. Christian, parar de trabalhar é sinônimo de ‘decaimento’. “Na minha idade, se você passar o tempo assistindo TV e cochilando, não vai sobreviver por muito tempo“, pontua.
A realidade do médico nonagenário contrasta com a reputação da França de ter um dos melhores sistemas de saúde do mundo.
Os pacientes de Chenay são prova viva de que a desigualdade do serviço é muito maior do que aparenta e afeta negativamente dezenas de milhares de pessoas.
Enquanto essa desigualdade não for sanada, o médico de 98 anos é claro: continuará trabalhando até não poder mais.
A rotina ao longo dos últimos setenta anos não mudou muito: ele acorda diariamente às 6h30, atende os pacientes de seu consultório e uma vez por semana, cuida dos internados de um asilo religioso da capital francesa.
Trata-se de uma carga horária pesadíssima para um senhor quase centenário: são 60 horas semanais dedicados à profissão.
Ele é o único médico da área que aceita pacientes sem consulta. Uma folha de papel e um lápis são fixados na parede da sala de espera, onde as pessoas escrevem seus nomes de acordo com a ordem de chegada.
Quando perguntado sobre como é viver bem e superativo na velhice, Christian disse:
“Nunca fumei, bebi ou usei drogas. Então, eu diria para evitar essas três coisas. Nunca pare, mantenha-se ativo. A chave é aprender a lidar com o estresse. Você não pode evitar o estresse – o organismo precisa dele para desenvolver mecanismos de defesa – mas você pode aprender como administrá-lo. Faça disso uma rotina: sempre que você tiver algum tempo livre, mesmo cinco minutos, certifique-se de sentar por um momento e realmente relaxar”.
Por fim ele crava: não teme o estado de sua própria saúde. “Não há razão para me estressar na minha idade porque tenho uma chance em cinco de não acordar de manhã”, concluiu.
Fonte: The Guardian
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