Jovem com atrofia muscular espinhal é um dos formandos de Direito no RS
Aos 30 anos de idade, superando diversas dificuldades, Fabrini Landevoigt que é portador de AME se forma em Direito após 10 anos de estudo
Quanto maior a luta, maior a vitória. A comemoração de um título esportivo, uma conquista pessoal ou qualquer outro feito, será sempre do mesmo tamanho da dificuldade que encontramos para alcançá-lo.
Um jovem morador da cidade de Estância Velha, no Rio Grande do Sul, enfim pôde comemorar com amigos e familiares a sua formatura na universidade de São Leopoldo, Unisinos.
Após árduos 10 anos de curso, agora Fabrini Landevoigt Parenza pode empunhar o canudo e o certificado e declarar-se bacharel em Direito.
Um leitor ansioso poderia dizer que não há grande coisa, afinal o prazo regular para conclusão de um bacharelado em ciências jurídicas são cinco anos.
Mas o caso do Fabrini é particular. Ele se formou em Direito enquanto lidava com problemas de atrofia muscular que lhe geram dificuldade de locomoção, sendo necessário que todos os dias a sua mãe lhe levasse à instituição.
“Meu coração está transbordando de alegria. Essa foi uma das maiores aventuras da minha vida“, disse Fabrini ao lembrar de todos os desafios que encarou para chegar até ali.
Na formatura, ao rememorar as idas e vindas com a companheira de aventura, ele declarou para ela a sua importância nesse processo de formação “Tu também és graduada em Direito“, em uma clara demonstração de gratidão àquela que lhe deu o maior apoio.
O jovem é portador da AME, uma doença que afeta as células nervosas da medula espinhal responsáveis pelo controle dos músculos, causando assim dificuldades de locomoção, e em alguns casos dá origem a problemas de alimentação e respiração.
Educação e inclusão
Em seu trabalho de conclusão de curso o jovem falou sobre os conceitos de justiça e igualdade dando ênfase à necessidade de se dar condições iguais a pessoas para que elas estejam aptas a alcançar os mesmos resultados.
Fabrini fez questão de pôr em evidência a importância de uma rede de apoio para dar suporte a pessoas que têm dificuldades semelhantes às dele.
“Eu posso ser encarado como um exemplo de superação, claro, mas contei com o apoio da minha família, com a oportunidade concedida por políticas públicas, com a tolerância dos professores e o acolhimento da própria comunidade acadêmica“, explica.
O professor Oliver da Silva pontua que apesar de suas dificuldades, o formando nunca utilizou isso como desculpa para não ser um bom aluno.
“Nunca foi um aluno médio, sempre teve notas ótimas, mostrou interesse, curiosidade e muita vontade. É uma pessoa questionadora, interessada no Direito e detentora de muito mérito acadêmico“, destaca.
Mas ressalta o papel das instituições de ensino na garantia da inclusão. Assim como foi feito pela Unisinos, é necessário que as instituições dêem condições aos alunos especiais de frequentar as aulas dando suporte às suas necessidades.
A unidade de ensino deve suprir as desigualdades que há entre esses estudantes e os demais. Isso se resume em uma metodologia e ferramentas especiais e direcionadas para esse público e uma estrutura física acessível.
Formado em História, entusiasta da literatura, apaixonado por artes.