5 razões pelas quais a política não funciona no Brasil
Seja bem-vindo ao caos. Eu poderia mencionar uma quantidade obscena de motivos que fazem a política do Brasil um circo, mas vou ficar com apenas cinco.
Você leu o título deste texto e pensou:
“Cinco razões? CINCO?! Eu consigo pensar em mil e uma razões!!1”
Ok. É verdade. Você está certo.
Eu poderia mencionar uma quantidade obscena de motivos que fazem a política do Brasil um circo, mas vou ficar com apenas cinco porque boa parte dos brasileiros não gosta de ler — o que talvez já explique o desastre.
A verdade é uma só:
A rejeição aos políticos nunca foi tão forte.
Como viemos parar aqui? Por que isso aconteceu?
Leia a lista abaixo e, se quiser a solução para todos os problemas, vote no Awebic na próxima eleição.
5. Brasília
Já confiscaram nossas poupanças…
Já tivemos Mensalão…
Já saquearam a Petrobrás…
Mas nada supera Brasília.
Sério, Juscelino Kubitscheck merece estar nesta lista pela ideia brilhante de construir uma cidade horrorosa no meio do nada e distante de tudo.
Como o povo poderia organizar protestos para acelerar os ânimos dos deputados?
Como o povo poderia fazer marchas para dar aquela pressionada saudável nos senadores?
Foi preciso 53 anos de passada de mão na nossa bunda para finalmente querermos ir lá e colocar fogo na porra toda. Eu tenho para mim que, entre os políticos, Juscelino deve ser considerado um gênio.
Pior que isso só se a nossa capital fosse no Acre.
E qual seria a solução?
Num primeiro momento, eu penso que seria interessante transferir a capital de volta para o Rio de Janeiro, assim os políticos ficariam mais próximos da desigualdade social das favelas e, quem sabe, tentariam resolver o problema.
Mas, pensando melhor, não é uma boa ideia colocar mais uma facção criminosa na região. Então talvez a nossa única saída seja levar o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal para Aparecida do Norte (SP).
A essa altura do campeonato, só mesmo uma intervenção divina para nos ajudar.
4. Fanáticos ideológicos
No início era tudo paz e amor.
Então Deus ficou entediado e criou a família Neto, as torcidas organizadas e o sertanejo universitário. O diabo, sempre invejoso, entendeu que isso não era caos suficiente e pensou numa forma mais chata de aporrinhar o saco dos outros.
E assim surgiram os fanáticos ideológicos.
Os extremistas devem ter sido a causa por trás do clichê “política não se discute”, porque quando essa galera entra em cena é muito mais sobre monólogos radicais do que qualquer outra coisa.
Aos gritos, acabam decidindo:
Ou você é coxinha ou você é mortadela. Ou elite opressora ou comunista safado.
O próximo presidente da República deveria oferecer uma medalha para todo cidadão que conseguir elaborar um raciocínio político sem subir o tom de voz ou mesmo discutir na internet sem usar argumentum ad hominem.
E qual seria a solução?
Situações extremas exigem soluções extremas.
O que a gente precisa é separar o Brasil com um muro, cruzando de norte a sul e passando por Brasília. De um lado ficam os extremistas — todos eles — de direita e de esquerda. Foda-se. Eles que se resolvam.
Do outro lado ficamos nós — pessoas comuns, sensatas e bem humoradas.
Eu já tenho até um nome para essa ideia inovadora: Muro de Brasília.
3. Horário eleitoral
Você chega em casa cansado após um longo dia de trabalho. Toma seu banho, come alguma coisa e se joga no sofá para curtir a rodada do Brasileirão (ou a novela das nove).
Mas quando você liga a televisão, eis que surge o aviso:
“Interrompemos nossa programação…”
Em seguida, o Tiririca aparece fazendo cosplay de Neymar.
“Mas que porra é essa?”, é a única coisa que passa pela sua cabeça. Ofendido com tamanha babaquice, você se desafia a manter os olhos fixos na tela.
Os próximos minutos são um mix de vergonha, raiva e admiração pela criatividade das maiores mentes publicitárias do país. Os candidatos fazem de tudo para chamar sua atenção. De fato, muitos ali ganhariam o “Se Vira nos 30” com os pés nas costas.
No fim, você se dá conta que não lembra o nome de nenhum infeliz — exceto o cara que se vestiu de palhaço e te chamou de abestado.
E qual seria a solução?
O problema do horário eleitoral é que somos nós quem pagamos. Seria um bom programa de comédia para manter na grade televisiva não fosse isso. Pagamos caro para um bando de palhaços fazerem graça enquanto dividimos nossa atenção com o WhatsApp.
A melhor saída então é fazer com que o horário eleitoral passe de madrugada. Com isso, resolveríamos outro problema: os que sofrem de insônia conseguiriam dormir rapidamente.
2. Debates
O ápice das eleições. Quando os eleitores do Brasil inteiro podem olhar nos olhos dos candidatos e enxergar a esperança de um futuro melhor.
Sem cortes, sem máscaras, sem manipulação.
A oportunidade de ouro para os candidatos defenderem suas ideias e debaterem o melhor plano para a nação.
Seria lindo se fosse assim.
O que temos, na verdade, são robôs repetindo estatísticas fictícias, respostas sem relação com a pergunta e oportunistas querendo lacrar para virar meme no Twitter.
Facebook / Corrupção Brasileira Memes
A impressão que dá é que tudo não passa de um teatrinho, enquanto nós gostaríamos de ouvir perguntas pertinentes como essa:
“O que o senhor vai fazer para reverter o 7 x 1?”
E qual seria a solução?
Não preciso me esforçar muito para conceber o desejo da população. Nós resolveremos a chatice dos debates com um octógono e um par de luvas para cada candidato.
As transmissões bateriam recordes de audiência e, no dia seguinte, os jornalecos não teriam dúvida em noticiar quem ganhou o debate — aquele que aguentou a pancadaria até o fim.
Pode parecer sangrento e desumano, mas é uma ótima simulação para os candidatos ao cargo mais poderoso do país entenderem um pouquinho o que milhões de brasileiros sentem diariamente.
Violência à flor da pele.
1. Votação
O brasileiro nasce com três grandes obrigações: gostar de carnaval, jogar bem futebol e votar.
Agora, se pararmos para analisar a festa do povo, um jogo da Seleção ou a capacidade de nossos ilustres representantes, é óbvio que a gente não cumpre nenhuma delas muito bem.
Porém, o voto é o pior porque é um castigo: você tem que escolher alguém, geralmente o menos ruim, que vai acabar fazendo merda e enriquecendo com o seu dinheiro.
Tem mais.
Enquanto você vai cabisbaixo cumprir seu dever na urna, percebe que os filhos da puta emporcalharam a cidade inteira com santinho e, para piorar, provavelmente vai ter uma fila enorme te esperando (neste glorioso feriado que sempre cai no domingo).
Se a desgraça não fosse o bastante, você precisa se manter sóbrio.
E qual seria a solução?
Vamos pensar nessa solução juntos.
Qual é o maior caso de sucesso de votação que mobiliza o país inteiro?
Acertou. Big Brother Brasil.
Se tem meninas de 18 anos recebendo mais votos por semana do que o Lula recebeu em toda sua vida política, por que nunca pensamos em nomear Boninho presidente do TSE?
Votos por torpedão, telefone e internet. Tudo sem sair de casa.
O período eleitoral de 2018 teria sido muito mais divertido se tivéssemos colocado Bolsonaro, Haddad, Ciro, Marina, Daciolo, Alckmin e cia numa casa fechada com transmissão no YouTube 24 horas por dia.
Assim, talvez, a corrida eleitoral não teria interferência de dentro da cadeia.
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Este texto tem doses cavalares de ironia, sarcasmo e deboche; e foi totalmente inspirado num artigo do Puxa Cachorra (o melhor blog que já existiu).
Fundador do Awebic. Acredita numa internet mais amigável. ;-)