A ‘Geração Instagram’ vive cada momento como uma memória antecipada
O psicólogo Daniel Kahneman (Prêmio Nobel) faz alertas importantes sobre como o Instagram está mudando o comportamento de uma geração inteira. Veja!
Não é novidade que a dinamicidade de redes sociais como o Instagram têm mudado a maneira como lidamos com o momento presente.
Muito já se criticou a respeito disso.
Alguns estudiosos defendem a preservação do “carpe diem” em detrimento da necessidade desesperada de se “capturar” os momentos por meio de fotos e vídeos a fim de tentar vivenciá-los eternamente por meio das redes sociais.
Você já parou para refletir sobre isso?
Veja o vídeo no YouTube.
O professor Daniel Kahneman – psicólogo de renome e ganhador de um Prêmio Nobel – diferencia, em uma de suas palestras, a memória da experiência e explica como o Instagram tem contribuído para esse tipo de comportamento.
Mas o que isso significa?
Daniel lembra que, psicologicamente, temos dois “eu’s“: o eu da lembrança e o eu da experiência.
O eu da experiência vive no presente, conhece o presente e é capaz de reviver o passado. Por outro lado, o eu da lembrança é o que “acompanha” a história de nossa vida.
Esse último nos conta a nossa própria história que nos ajuda a reter as lembranças por meio das experiências.
O eu “experimentador” vive a vida de forma contínua, enfrentando momentos um após o outro. Mas esses momentos (Daniel estima que existam cerca de 600 milhões desses momentos em cada vida) não costumam deixar uma marca no nosso eu “memorizador”.
De acordo com o psicólogo, eles são perdidos para sempre, dissipando-se no tempo de nossas vidas.
Foto: Pixabay.com.
Mas para equilibrar esse “placar”, nossa mente escolhe as experiências memoráveis e intensas para serem mantidas em nosso arquivo de memória interna.
Todo o resto – como o que você comeu no café da manhã do dia 7 de abril, há três anos – é simplesmente esquecido. É um pouco difícil de entender, mas realmente faz sentido.
Onde o Instagram entra?
O medo de estarmos perdendo cada um desses momentos faz com que usemos a ferramenta do Instagram como um molde digital das nossas memórias, mas com uma “vantagem”: nós podemos escolher conscientemente os momentos menos intensos para ficar na “memória”.
Foto: Pixabay.com.
Para intensificar essa sensação de nostalgia, usamos filtros vintages e tudo isso começa a acontecer inconsciente e naturalmente na nossa rotina.
O que a ciência explica.
Daniel acredita que, por causa disso, nós já nos acostumamos a categorizar momentos como memórias mesmo antes de eles deixarem de ser experiências. Não é perturbador?
Cada momento que vivemos é sentido como uma memória antecipada em vez de uma experiência presente. Mas o que acontece quando ficamos obcecados pela ideia da foto perfeita?
Nós começamos a projetar fisicamente a sensação futura de cada momento do presente. Isso pode ser uma coisa boa se pensarmos que essa é uma oportunidade de decidirmos como vamos refletir sobre nossas escolhas no futuro.
No entanto, o que não se pode perder de maneira nenhuma é a consciência de experienciar o presente em sua totalidade antes de arquivá-lo como uma memória, observando com equilíbrio até mesmo os filtros que escolhemos colocar nas fotos para não tentar forjar a lembrança de algo que não aconteceu daquele jeito.
No vídeo que você acabou de assistir, o estudioso Silva defende o fenômeno como algo positivo:
“Todos nós nos tornamos artistas, arquitetos de nossas próprias narrativas mentais para, concretizada em uma trilha de papel digital histórica. Nós decidimos quem nós somos. Estamos construindo mapas.”
Ele acredita que “tudo o que temos é a memória antecipada porque o presente já acabou”. Talvez ele entenda que é possível libertar o instinto artístico de todo o ser humano por meio desse comportamento imediatista e que com maturidade seja possível aprendermos a lidar melhor com nossas próprias escolhas.
Foto: Pixabay.com.
Eu, por outro lado, acredito verdadeiramente que o presente, apesar de efêmero, é a única coisa palpável em nossas vidas já que o futuro e o passado são apenas interpretações da nossa mente (e talvez o presente também o seja).
Foto: Arquivo Pessoal.
E você, o que pensa dessa loucura toda?
Você se considera um seguidor fiel da “Geração Instagram” ou é do grupo vintage que continua a guardar apenas as lembranças mais intensas?
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Fonte: theplaidzebra.com.
Analista de SEO e editora do Awebic e Receitinhas. Escrevendo desde sempre, formada em jornalismo, fotógrafa por hobby, dando as caras na centraldoleitor.com, apaixonada por gatos, café e Harry Potter; Amandinha é leitora fissurada e estudante ininterrupta antes de qualquer coisa.