Pais, deixem seus filhos falharem (entenda o motivo COMPROVADO)
A professora e autora Jessica Lahey percebeu que estava errada na maneira como educava seus filhos e seus alunos. Ela compreendeu que os pais parecem estar mais preocupados em criar crianças felizes do que crianças competentes e autônomas. Confira as dicas da autora:
Seu filho adolescente tem um trabalho de ciências para entregar. Ele odeia ciências. Ele odeia trabalhos (assim como você).
Você:
A. Define prazos para ele, compra os materiais necessários, os coloca na mesa com um pouco de biscoitos de chocolate caseiros.
B. Pede ao seu vizinho, que é um químico renomado, para aparecer na sua casa e recitar os prazeres da tabela periódica.
C. Se esconde e reza.
Se, por amor ou desejo de reforçar a autoestima do seu filho, você escolheu A ou B, a professora e autora Jessica Lahey acha que você está errado(a).
Eu quero que meus filhos sejam felizes e não tenham medo nem ansiedade? Ou espero que daqui a um ano eles superem o fato de serem um pouco ansiosos e tenham um pouco de medo e se tornem um pouco mais competentes?”, ela disse ao Quartz.
Esta pergunta é o cerne de seu novo livro best-seller, The Gift of Failure.
Ela percebeu, há pouco tempo, que algo estava errado com a forma como ela educava os filhos e com os estudantes da sexta série onde ela lecionava.
Eles esmoreceram ao encarar um desafio. Eles não adoravam aprender como antes. Os pais encararam notas ruins de forma pessoal. Todos estavam infelizes.
Ela não conseguia identificar a raiz do problema até que ela percebeu: nós parecemos estar mais preocupados em criar crianças felizes do que crianças competentes ou autônomas.
Lahey cita o trabalho de Wendy Grolnick, uma psicóloga que coloca pares de mães e crianças em uma sala e as filma enquanto brincam.
Grolnick rotula as mães como “controladoras” ou “apoiadora de autonomia”, significando que as mães deixam os filhos descobrirem as coisas por conta própria.
Então, Grolnick chama os pares de volta e as crianças são colocadas em uma sala, sozinhas, para executar uma tarefa. Os resultados foram “impressionantes”, Grolnick diz no livro.
As crianças que tinham mães controladoras desistiram quando confrontadas com uma tarefa que não podiam dominar. As outras não.
Lahey escreve:
As crianças que foram criadas por pais controladores ou autoritários não conseguiram ponderar sobre as tarefas por contra própria, mas as crianças que foram criadas por pais apoiadores de autonomia se prenderam às tarefas, mesmo quando ficaram frustradas.
As crianças que conseguem redirecionar e permanecer engajadas em tarefas, mesmo quando acham aquela tarefa difícil, se tornam cada vez menos dependentes de orientação para se concentrar, estudar, organizar e levar suas próprias vidas.”
Embora conselhos como “deixe-as tentar e falhar” pareça cegamente óbvio, é muito difícil de implementar.
Em todo evento do livro The Gift of Failure, pelo menos um pai ou mãe se aproxima de Lahey às lagrimas. O pai ou mãe descreve um filho de 16 anos que não consegue preparar um lanche ou uma filha de 18 anos que não consegue gerenciar conflitos.
“Nós pensamos, ‘temos bastante tempo para ensiná-los’”, diz Lahey. “E aí eles fazem 17 anos”.
Então, o que pais bem-intencionados buscando o fracasso (para chegar ao sucesso) devem fazer?
Lahey falou com a Quartz sobre algumas maneiras de “fechar as asas” e criar filhos resilientes.
Defina seu jogo: longo ou curto prazo?
“Nós ajudamos porque nos faz bem”, diz Lahey.
Lahey admite que é igualmente culpada, embora ela tenha tentado mudar.
Um dia ela encontrou a lição de casa do filho na mesa e decidiu não levar para a escola, embora ela fosse para lá de qualquer jeito. Ela estava determinada a fazer com ele se tornasse mais independente e melhor organizado.
Ela levou a decisão dela para discussão no Facebook. “Se o seu marido esquecer o celular dele, você levaria para ele?”, disse uma amiga.
“Eu não estou criando meu marido”, ela pensou.
Ajudar o filho faria Lahey se sentir uma boa mãe, mas não ajudaria o problema de organização de seu filho. Educar os filhos para longo prazo significou deixar a lição de casa na mesa e deixar seu filho, e ela, sofrerem um pouco.
No final das contas, o professor deu ao filho dela trabalho extra e ofereceu algumas dicas de como lembrar da sua lição de casa no futuro.
“As dicas fizeram bem para ele”, diz Lahey.
Deixe eles terem o domínio
Você já pegou a esponja de uma criança porque ela estava fazendo muita bagunça para limpar?
O segredo sujo de educar os filhos é que as crianças podem fazer mais do que pensamos, e cabe a nós descobrir isso. (Aparentemente, os franceses resolveram isso com crianças e a cozinha, e eles deixaram seus filhos pequenos empunharem facas grandes.)
Crianças podem lavar a louça e limpar o quarto sem suborno, mas para fazê-los limpar cozinhas e quartos mais arrumados, precisamos encarar cozinhas mais bagunçadas, roupas separadas não muito bem e roupas enfiadas nas gavetas enquanto eles descobrem como fazer.
Lahey cita o exemplo de um estudante que estava com dificuldades em uma escola para superdotados.
A mãe dele estava interferindo por ele há anos, gerenciando problemas com professores e insistindo para o adolescente fazer o seu trabalho.
A alternativa foi a escola pública local.
Cansada, a mãe levou o filho para a escola. Ela deu a ele a escolha: ela não estava mais trabalhando para mantê-lo no programa de superdotados.
Seu filho ficou chocado com o que viu e intensificou seu trabalho.
Ele começou a conversar com seus professores quando tinha problemas – sem que sua mãe organizasse as reuniões – e fez mais lição de casa. Ele nunca foi um estudante nota 10, mas não era esse o ponto.
Elogie o esforço e não os resultados
Nós adoramos elogiar nossos filhos; chame de ressaca do movimento de autoestima dos anos 1970.
Mas elogiar os filhos por serem inteligentes ao invés de trabalharem duro os leva ao que a pesquisadora de Stanford, Carol Dweck, chama de mentalidade fixa, uma onde as crianças se afastam de desafios. Considere este estudo, que Dweck fez variações por anos e eu escrevi aqui:
Pesquisadores deram testes fáceis a dois grupos de crianças de quinta série. Foi dito ao grupo um que eles acertaram as perguntas porque eram inteligentes. Foi dito ao grupo dois que eles acertaram as perguntas porque eles se esforçaram.
Então, eles deram um teste mais difícil às crianças, feito para ser bem acima de suas capacidades.
No final, as crianças “inteligentes” não gostaram do teste e não quiseram mais fazer. As crianças “esforçadas” pensaram que precisavam tentar mais e gostaram da ideia de tentar de novo.
Os pesquisadores deram um terceiro teste, mais um fácil. As crianças “inteligentes” tiveram dificuldades e se saíram pior do que no primeiro teste (que era igualmente fácil). As crianças “esforçadas” foram melhor do que no primeiro teste e superaram os colegas “inteligentes”.
E aqui está a parte realmente assustadora: os pesquisadores disseram às crianças que eles fariam o mesmo teste em outra escola e pediram para eles enviarem suas notas.
Quarenta por cento das crianças “inteligentes” mentiram sobre seus resultados, comparado com cerca de 10% das crianças “esforçadas”.
Lahey vê o resultado de uma mentalidade fixa em sua sala de aula.
As crianças que foram elogiadas demais por sua inteligência “fazem o mínimo exigido para passar; elas nunca encararam o desafio extra e foram relutantes a arriscar dizer qualquer coisa que poderia estar errada”, ela escreve.
O conselho de Dweck é fácil: elogie o esforço, não os resultados. Lahey adiciona ao conselho: deixe as crianças saberem de suas próprias dificuldades.
Se elas verem que você falha e sobrevive, elas saberão que falhar em uma tarefa não é falhar como pessoa.
Torça como os avós, não como os pais
A maioria de nós coloca os filhos para praticar esportes pela razão certa. Nós queremos que eles corram, respirem ar fresco, aprendam como fazer parte de uma equipe e se divirtam.
Se mostrarem talento, muitos de nós, de repente, viramos maníacos, gritando instruções sobre esportes que nunca jogamos e questionando técnicos em níveis de decibéis proibidos em casa.
Algumas ligas de futebol implementaram os “sábados de futebol em silêncio”, numa tentativa de silenciar os pais e técnicos e devolver o jogo às crianças.
Bruce Brown e Rob Miller, dois ex-técnicos que formaram a Proactive Coaching, perguntaram a atletas de faculdade: “Qual é a sua pior memória de praticar esportes na infância e na juventude?”
A resposta foi a volta para a casa com os pais. Conselhos demais, apoio de menos.
Lahey sugere que, se você for aos jogos, torça como um avô/avó e não como pai/mãe. Atletas de faculdade queriam os avós nos jogos porque o apoio deles não era implicado em realização.
“Os avós não criticam a estratégia dos técnicos ou a decisão do juiz. Até mesmo em face de falhas constrangedoras no campo, os avós apoiam seus netos sem motivos ocultos ou agenda”, diz Lahey.
O professor é seu parceiro, não seu adversário
Se nós falarmos com professores e eles falarem conosco, muitos problemas podem ser evitados. É mais fácil falar do que fazer.
Lahey conta histórias angustiantes de pais que exigem mudanças de nota e se recusam a ver desafios como oportunidades de aprendizado.
“Ensinar se tornou um cabo de guerra entre forças opostas, onde os pais querem que os professores eduquem seus filhos com rigor crescente, mas rejeitam aquelas lições rigorosas como ‘muito duras’ ou ‘muito frustrantes’ para seus filhos resistirem”, ela escreve.
Lahey tem uma longa lista de sugestões de como construir um melhor relacionamento entre pais e professor.
Alguns são tão óbvios que é triste ela ter que anotá-los – seja amigável e educado; projete uma atitude de respeito para educação.
Aqui estão mais alguns:
- Espere um dia antes de enviar um e-mail para um professor sobre uma aparente emergência ou crise.
- Informe o professor sobre grandes acontecimentos em casa.
- Deixe seu filho ter uma voz; ensaie para ajudá-lo a se preparar para conversas difíceis.
Alguns outros livros excelentes sobre o assunto de extrair-se da vida dos seus filhos incluem Teach Your Children Well: Parenting for Authentic Success, de Madeline Levine eThe Blessing of a Skinned Knee, de Wendy Mogel.
A mensagem um tanto contrária em todos eles: fracasso = sucesso.
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Você é controlador(a) ou apoiador(a) de autonomia dos seus filhos? Comente!
Este artigo é uma tradução do Awebic do texto originalmente publicado em Quartz escrito por Jenny Anderson.
Imagens: pexels.com e pixabay.com
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Analista de SEO e editora do Awebic e Receitinhas. Escrevendo desde sempre, formada em jornalismo, fotógrafa por hobby, dando as caras na centraldoleitor.com, apaixonada por gatos, café e Harry Potter; Amandinha é leitora fissurada e estudante ininterrupta antes de qualquer coisa.