Detento cria réplica de igreja, vende por 1,2 mil e estimula artesanato

Estado do Mato Grosso do Sul promove feira de arte virtual com itens artesanais produzidos por presidiários

Embora se fale muito em ressocialização, poucas ações são feitas na prática para a reinclusão de um detento na sociedade. O primeiro passo para esse feito seria a profissionalização. 

O Mato Grosso do Sul promoveu uma feira que vai na contramão da realidade de muitos estados. A 14° Feira do Artesão Livre, promovida pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e Ministério Público Estadual.

A exposição tem em seu acervo 500 itens artesanais produzidos por presidiários que aprenderam o ofício na unidade provisória como meio de reabilitação. 

Dentre as peças, a obra que ganhou mais notoriedade pela riqueza de detalhes foi a réplica da Igreja Matriz Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Aquidauana, que foi feita com 8,2 mil palitos de picolé. 

Imagem: Reprodução/RedesSociais

A obra foi feita por Edmar Moreira Silva, que está preso na unidade penal de Aquidauana. Cheia de Detalhe, a obra esboça perfeitamente a igreja. É possível ver bancos, escadaria e altar. A obra tem o valor de 1.200,00 reais.

Além da peça dele, na feira estão disponíveis obras de outros 100 detentos das unidades de Campo Grande e Aquidauana. O total de 500 ítens que formam a exposição é composta por tapetes, esculturas, quadros, bandejas, pinturas em tela, brinquedos e móveis rústicos.

A feira

A feira esse ano, por causa da pandemia do COVID-19, está sendo virtual. Mas as peças podem ser acessadas através de um link. Todo o dinheiro levantado será direcionado para os detentos e seus familiares. 

Elaine Alencar Cecci, chefe da divisão de trabalho prisional de MS conta como pode ser feita a aquisição:

A pessoa manifesta o interesse no grupo e a gente faz o procedimento para emissão de boleto e pagamento. Após comprovado o pagamento, nós temos um entregador, que também é egresso do sistema prisional, e ele leva a mercadoria na casa da pessoa, embaladinha, bonitinha, sem custo nenhum”, detalha, Cecci.

Reabilitação

Aos detentos que estão cumprindo pena no Brasil e não desejam voltar à vida de crimes, o desafio é grande.

O primeiro deles é o ambiente penitenciário, que acaba sendo uma escola de aperfeiçoamento de práticas criminosas, por não haver em todas as unidades um crivo de separação de acordo com o crime cometido. 

O segundo problema é a falta de políticas públicas de profissionalização para os presos, que muitas vezes são tirados da escola pela vida do crime ou não detém uma profissão. 

Outro problema acaba sendo o preconceito e a intolerância. A cultura do “bandido bom é bandido morto” acaba expressando a insensibilidade social e a falta de abertura ao arrependimento daquele que errou, mas quer mudar.  

Hoje as igrejas evangélicas acabam sendo referência no processo de reintegração social e no suporte dado aos presos dentro da cadeia. Não são poucas as histórias de pastores e cristãos comuns que foram resgatados da vida do crime. 

A ação do Governo do Estado do Mato Grosso do Sul dá um belo exemplo para as outras unidades federativas de qual caminho deve ser seguido na ressocialização do presidiário.

Fonte: G1

Jimmy Alef
Escrito por

Jimmy Alef

Formado em História, entusiasta da literatura, apaixonado por artes.