Artista cria projeto sobre preconceito em engravidar com idade avançada e resultado impressiona

Esse projeto toca em um assunto que deveria ser super aberto nos dias de hoje: engravidar com idade avançada!

Em tudo temos uma receita que descreve como as coisas precisam se estar em seu devido lugar e como tudo precisa ser igual ao já existente, para que possa ser encaixado em um grupo que reúne a sua maioria.

Falar que as mulheres possuem uma certa idade para ter filhos não é um assunto que possa ser considerado como bem atual. Pelo contrário, a ideia de certa idade para tudo é algo que vem sendo carregado de gerações em gerações.

Claro que se é preciso levar questões em considerações, que podem variar de uma pessoa para outra, já que cada caso é um caso – seja quem for, nenhuma mulher pode ser comparada a outra para se encaixar em uma métrica certa, aliás, a comparação deveria não existir.

E falar que quando a idade de uma mulher é avançada para se ter filho é algo que não é velho e infelizmente ainda é algo bem atual em toda parte do mundo, como se existisse uma idade limite para que uma mulher possa ter filhos de forma definitiva.

Não podemos ser ingênuos também, precisamos levar as questões de saúde também nessa situação. Todavia, não deveria continuar sendo algo absurdo, já que todas as mulheres, independente de sua idade, precisam de acompanhamento médico durante toda a gravidez.

Para Anna Radchenko, uma artista multidisciplinar que vem sendo conhecida por produções que são simplesmente incríveis e que abordam temas ainda considerados sensíveis, a gravidez pode ser sim algo sem idade. Por que não?

Em seu projeto intitulado como “Avó” (originalmente Grandmother, em inglês), Anna criou uma performance sensacional para acabar com o paradigma de que mulheres velhas só podem ser avós, ao invés de serem – ainda que possam ser e e supostamente não podem – mães de seus próprios filhos.

Escolhendo esse tema por experiência própria, chegou a contar o que lhe fez ter essa idea tão impactante: “Eu tinha trinta anos quando me tornei mãe. Isso me fez pensar em como, na URSS, eu seria chamada de ‘Velha Mãe’ em meu cartão médico. O que é uma loucura quando você pensa sobre isso.”

O preconceito etário da gravidez

Anna retrata de forma impactante como o preconceito ainda se estende de forma tão fortalecida, mesmo com o passar de tantos anos e tantos avanços em toda a humanidade.

De forma criativa e super produzida, seu projeto acaba abordando o assunto como uma grande crítica em relação ao preconceito que existe para com as mulheres que engravidam quando a idade já está bem avançada.

Como já falamos, um caso acaba sendo diferente do outro. E isso inclui tanto as mães que não conseguiram engravidar por algum motivo quando mais jovens, como aquelas que engravidaram porque queria mais filhos, por acaso e até pelo simples fato de amar ser mãe.

Em outras palavras mais acessíveis, ser mãe não se restringe aos casos que podem ser considerados incomuns. Se tantos preconceitos foram quebrados ao longos das década,s por que esse também não pode ser abolido?

Criando um curta-metragem super poético, Anna ainda trouxe imagens que compõe em uma mistura de crítica com uma pitada de bom humor, pincelando toda a realidade das mulheres velhas que engravidam. E completa dizendo:

“Mulheres sem filhos com mais de quarenta ou cinquenta anos são freqüentemente vistas como sem propósito e são encorajadas a abraçar um estilo de vida mais sedentário. Por outro lado, os homens são percebidos como ficando melhores com a idade. Essa mentalidade é particularmente verdadeira para a Rússia, embora ainda esteja muito presente em todo o mundo.”

A grande produção do projeto Grandmother

Filmado na Rússia, o local foi escolhido a dedo. As supostas mães foram fotografadas e filmadas em um dos principais hospitais criados para atender as mulheres desde 1911 – estando desativado desde 2013.

Em um cenário incrível e adaptado para misturar a suposta realidade dessas mães em idades avançadas, cada mulher chegou a ser hiper produzida e se vestiam como se a idade não pudesse bater com cada peça escolhida por elas, concordam?

Além de um ambiente com característica pós-soviética, as mensagens trazidas em pôsteres e fotografias chegam a marcar a ideia do que pode ser a família tradicional russa de forma homenageada.

O impacto que quer causar é mais que relevante, é essencial

Não pense que essa é a única desmitificação que a artista que conseguir atingir em todo mundo, não para por aí!

Reconhecendo que existe ainda uma mudança em relação ao tratamento também em relações aos homens, é algo que o seu projeto também chega a tocar.

Se os homens quando chegam a ser pai – independente da faixa etária que estão atingindo nesse momento -, por que então as mulheres não são recebidas com a mesma afeição que eles?

Ainda que o papel de uma mãe seja diferente do pai – fisicamente ou psicologicamente não podemos negar -, a conexão dessa relação com um bebê precisa existir.

Anna fala ainda sobre o assunto: “GRANDMothers é uma reflexão sobre isso. Ele contém um elemento de crítica, mas também é um lembrete positivo de quão longe chegamos em termos de sermos capazes de fazer nossas escolhas.”

Mudança de mente

Não podemos negar que quando a gravidez em idade avançada pode ser um risco maior em muitas questões, tanto para a gestante como para o próprio bebê.

Todavia, é algo que precisa ser formado em geral, que os casos de gravidez não se restringe à apenas um significado. Como diz a própria artista:

“Ao ter projetos como Avós publicados e compartilhados online, quero fazer a diferença mudando nossa mentalidade e permitindo-nos perceber o envelhecimento como algo tão valioso para as mulheres quanto para os homens”.

Amanda Ferraz
Escrito por

Amanda Ferraz

Analista de SEO e editora do Awebic e Receitinhas. Escrevendo desde sempre, formada em jornalismo, fotógrafa por hobby, dando as caras na centraldoleitor.com, apaixonada por gatos, café e Harry Potter; Amandinha é leitora fissurada e estudante ininterrupta antes de qualquer coisa.