Como ser demitida foi a melhor coisa que me aconteceu neste ano

Ser demitido é ruim, mas às vezes apenas no primeiro momento. Neste relato, Luiza Del Grande conta como ser demitida foi a melhor coisa que lhe aconteceu.

Eu sempre investi muito tempo na minha carreira — e nunca tinha passado pela experiência de ser demitida, até este ano.

Eu lembro que quando fiz meu aniversário de 15 anos já me preocupava com isso. Não quis fazer festa porque seria muito melhor estudar inglês no exterior com esse dinheiro (e foi).

Portanto, minha motivação já era sobre o que eu ia colocar em um futuro currículo. Eu estava na adolescência e já pensava sobre minhas atividades profissionais.

Então, depois disso, eu segui buscando novas oportunidades para me desenvolver e, claro, adicionar ao meu currículo.

Eu comecei a trabalhar cedo. Desde aulas de inglês até inúmeros estágios. Eu emendei um em outro e acabei perdendo muito período de férias. Grande erro. Todo mundo precisa de férias.

Hoje eu entendo como esse tempo faz diferença.

Após passar por empresas sensacionais, trabalhar com pessoas maravilhosas (nem todas) e ter experiências novas em diversas áreas…

Eu finalmente fui demitida.

Ou “desligada”, se preferir.

ser demitida melhor coisa

Todas as outras vezes que eu mudei de empresa foram por vontade própria e eu não sabia como era esse sentimento.

Finalmente eu descobri — um sentimento libertador a ponto de abrir muitas portas que nunca tive coragem de explorar.

Dessa forma, resolvi escrever aqui dez razões pelas quais ser desligada foi a melhor coisa que poderia ter acontecido no meu ano.

1. Recebi um empurrãozinho.

Eu sempre converso com um amigo sobre carreira e toda vez chego à mesma conclusão: “migo, você precisa ser demitido!”

Ironicamente, eu também precisava (e fui!). Nós nos víamos presos em uma rotina chata, sem autonomia em nossas funções, sendo “obrigados” a agir de maneira que nem sempre concordamos porque nossos superiores nos solicitaram.

Isso não agregava mais valor algum às nossas vidas. Mas, o salário é bom e paga nossas contas, né?

Só que isso é tudo o que importa hoje?

 

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BUDA FCKN PEST ??. . Sem dúvida, aquela cidade que está no meu top 5 junto com uma das minhas pontes favoritas. Sim, eu tenho pontes favoritas. Haha #budapest #hungary

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Eu tenho 26 anos e não quero ter uma vida focada em pagar contas. Ao mesmo tempo, é muito difícil abrir mão de um salário bom e procurar algo que te faça feliz quando você tem estabilidade e toda a pressão da família, dos amigos e de todo mundo à nossa volta.

Então, ser desligado nada mais é do que o empurrãozinho que a gente precisa para finalmente buscar o que gostamos.

2. Ganhei tempo para estudar outros assuntos.

Eu sempre fui apaixonada por recrutamento e todos os meus amigos sabem disso. Porém, com a rotina que eu estava levando, eu tinha zero energia para me dedicar à outras assuntos.

Foi aí que eu resolvi usar o LinkedIn Learning para estudar um pouco mais sobre recrutamento. Descobri que é uma ferramenta excelente com muito conteúdo acessível.

 

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Sobre o final de semana com 1200km percorridos com aquele copiloto parceiro que dorme fácil, hihi??? @lemesme #hamburg #copenhagen #csd?️‍? #loveislove

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Voltei a estudar alemão. Sim, eu tenho o desafio de aprender essa língua do mal (rs). Depois de ter morado na Alemanha, fiquei com esse desafio pessoal.

Além disso, em ano de eleições, voltei todo meu tempo livre para acompanhar tudo que estava acontecendo na corrida eleitoral. Busquei diversas fontes, assisti todos os debates, li as propostas.

Eu duvido que eu teria feito 20% disso se eu estivesse trabalhando.

3. Li livros.

Todos aqueles livros que estavam na minha lista para ler, eu li.

 

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??? #valledelaluna #atacama #sanpedrodeatacama

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Inclusive, li um excelente para o momento que eu estava vivendo chamado “Por que fazemos o que fazemos?” do Mario Cortella. Fala-se muito sobre propósito e nos faz indagar bastante sobre onde estamos levando a nossa carreira.

4. Estabilizei minha saúde mental.

Eu cheguei a um ponto em que todas as noites quando estava dormindo, eu acordava preocupada com algum email que precisava enviar. Ou algum sócio que eu precisava conversar. Ou algum problema que eu tinha que resolver no dia seguinte.

 

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Passando frio no verão da Escandinávia haha ?? #denmark #copenhagen #fernweh

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Eu não dormia em paz. Minha cabeça nunca estava em paz. Era tanta pressão de tantos lados que mesmo quando eu saía do trabalho, o trabalho não saía de mim.

No momento que eu saí daquele prédio e não fazia mais parte da empresa, eu nunca me senti tão leve. Antes de sair, eu deleguei todos os meus assuntos para as minhas colegas, mas depois disso, estava livre.

5. Passei a entender e perdi o preconceito.

Todo mundo sente pena quando a pessoa conta que foi desligada. Toda vez que eu contei pra alguém, já esperava a reação da pessoa me consolar.

A gente tem um julgamento na nossa cabeça de que ser demitido é ruim. Mas, nem sempre é. Nem todo mundo nasceu para exercer a mesma função.

Às vezes, você está no lugar errado e isso é perceptível. Então, hora de procurar o lugar certo.

Não tem nada errado em não ter encontrado ainda. Algumas pessoas levam mais tempo. Outras se contentam com menos. Outras priorizam a estabilidade. Outras precisam de um tempo pra pensar e usam esse tempo de “desemprego” para isso. Não cair na pressão dos outros em relação ao desemprego é fundamental.

Seja você mesmo a sua única pressão, no seu tempo.

6. Foquei mais na minha família e nos meus amigos.

Eu tirei alguns dias para apenas ficar na casa da minha mãe por uns dias. Aproveitar a companhia dos meus familiares, sabe?

 

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Meu squad do carnaval 2018 estrelando o “o não eu já tenho, eu vim buscar a humilhação” (Beatriz, Ana) ♥️ @anafranchi #blocosderuasp

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Eu não fazia isso há 8 anos, desde que saí de casa para fazer faculdade. Além disso, tive tempo para visitar alguns amigos que não via há algum tempo.

7. Assisti todos os jogos da Copa do Mundo.

Sim, eu fui desligada bem na semana anterior ao início da Copa do Mundo.

 

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give me one good reason why I should never make a change. ?? #budapest #hungary #fernweh #budgettravel

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Eu acompanhei todos os jogos, sempre torcendo pra ter acertado no bolão. Mas, passei longe em vários dos meus palpites.

De qualquer forma, foi sensacional assistir a Copa na íntegra.

8. Comprei aquela passagem.

Eu precisava viajar.

Antes mesmo de ser demitida, eu já sabia disso.

Eu tinha inúmeros planos na minha cabeça, muitas experiências que precisava viver e eu só postergava.

A hora chegou e eu comprei a tão sonhada passagem para Dubai.

 

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??? #dubai #mydubai

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Fui visitar minhas amigas como eu vivia dizendo que faria. A ideia era ficar 3 dias. Acabei ficando 10. Eu tinha tempo e foi assim que eu descobri como o tempo é valioso.

Depois, fui pra Alemanha viver novamente uma cultura que eu já conhecia um pouco. Só que de um jeito diferente. Dessa vez, eu era mochileira.

9. Viajei sem roteiro.

Eu não tinha um destino fixo. Eu viajava pra onde me parecia ser uma boa ideia pros próximos dias.

Fui pra Frankfurt rever meus amigos da época que morava lá. Finalmente, fiz as pazes com a cidade e vivi dias incríveis. Fui pra Dinamarca de carro (não foi tão boa ideia, mas valeu a experiência).

 

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Comemorando os dois meses desse sonho que eu to vivendo. ? . #fernweh #travel #stoketravel #stoketoberfest #munich #oktoberfest

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Fui pra Hamburg, Düsseldorf, Amsterdam, Colônia, Split, Dubrovnik, Hvar, Budapeste e finalmente cheguei a Munique. Justo na melhor época do ano — Oktoberfest.

Tive a oportunidade de viver intensamente todos os dias de Oktoberfest em Munique. Fui 8 vezes ao Beer Halls. Reencontrei amigos, fiz muitos novos. Foi a experiência mais incrível que eu já vivi.

Eu nunca teria vivido isso se eu não tivesse sido desligada. Eu nunca ia ter tempo ou coragem suficiente para uma mudança tão brusca de vida.

10. Conheci pessoas incríveis.

Eu trabalho com recursos humanos, amo trabalhar nessa área e não é à toa.

Todos que me conhecem sabem do meu imenso amor por pessoas. Parece algo óbvio, mas é algo mais intenso do que o normal. Toda viagem que eu faço, só faz sentido quando eu relaciono com as pessoas que compartilharam o momento comigo.

 

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?Hvar, Croatia . Meet Karelia, the first person I met from Nicaragua?? in all my trips. I met her in the hostel in Hvar when she was getting ready to sleep ??‍♀️ and I couldn’t let that happen. After 5 minutes talking, she decided to join me and go out. I think I saved her last night in Hvar. I remember when she said that she was happy to meet me because I talk to people (haha, and I do…a lot). So was I. ? . Meet also Eli, my aussie friend ??. I met him when Karelia and I decided to join the people at the hostel in the pub crawl. The highest moment of the night was to sing “down under” with him screaming all the words. So good to remember the feeling of being in Australia again for 3 minutes. . I will miss them saying “lost my Brazilian/my Brazilian is with me” ? . . By the way, if you go to Hvar, definitely stay in @hostel_villa_skansi . Great atmosphere, awesome people, free pub crawls ? —— From this moment on, I’ll be sharing in my IG the best part of traveling: meeting people. “There are no strangers here. Only friends you haven’t met yet” . . #TheBeautyOfTraveling #PeopleAroundTheWorld

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Eu mal consigo lembrar alguma viagem que eu fiz que eu não tive a sorte de conhecer alguém que, por qualquer motivo que seja, cruzou meu caminho. O mais legal pra mim é que eu sei manter amizades mesmo que à distância.

Eu tenho amigos que conheci 11 anos atrás no meu primeiro intercâmbio pro Canadá. Para isso, você tem sempre que ouvir muito bem o que essas pessoas te contam. Daí, você sempre vai ter assunto com elas.

Ao mesmo tempo, conheci inúmeras pessoas de passagem, sabe?

Tem uma frase que diz “algumas pessoas são destino, outras são de passagem”. A frase só faz sentido quando se viaja muito. É muito difícil diferenciar, mas no final, a gente sempre sente.

Um dia, eu estava chegando de uma viagem no aeroporto de Hanover, na Alemanha, e por motivos que não vem ao caso, eu estava sentada chorando.

De repente, um inglês começou a conversar comigo, me perguntando se eu estava bem e etc. Eu disse que sim, e logo virei a conversa pra ele. Ele estava vivendo exatamente o mesmo momento que eu, com as mesmas dúvidas e os mesmos medos. Ele foi uma pessoas de passagem, tenho certeza, porque nem lembro o nome dele.

Mas, sei também que sempre vou lembrar da nossa conversa naquele momento.

Eu conheci tantas pessoas sensacionais após ser demitida que fica até difícil citar cada história aqui.

Algumas eu já até compartilhei no meu Instagram (@luizadelgrande) — me mande um oi por lá!

Não vejo a hora de compartilhar mais e mais histórias. Aliás, te convido a ler meus outros textos publicados aqui no Awebic.

E você, já passou por algo parecido? Compartilha comigo nos comentários abaixo.

Amanda Ferraz
Escrito por

Amanda Ferraz

Analista de SEO e editora do Awebic e Receitinhas. Escrevendo desde sempre, formada em jornalismo, fotógrafa por hobby, dando as caras na centraldoleitor.com, apaixonada por gatos, café e Harry Potter; Amandinha é leitora fissurada e estudante ininterrupta antes de qualquer coisa.