Se você não puder encontrar alguém que apoie sua carreira, fique solteira
Avivah Wittenberg-Cox é CEO da 20-first, uma das principais empresas de consultoria de gênero do mundo. Ela conta que as mulheres profissionalmente ambiciosas só têm duas opções quando se trata de parceiros: um parceiro que a apoie ou nenhum parceiro. Entenda:
Avivah Wittenberg-Cox é CEO da 20-first, uma das principais empresas de consultoria de gênero do mundo.
Ela conta que estava em um jantar com oito mulheres profissionais altamente bem-sucedidas, com idade entre 35 e 74, quando começou a perceber que suas histórias eram típicas da pesquisa que ela tem conduzido com casais que têm carreira dupla.
Uma tinha recebido uma grande oportunidade de promoção em outro país, mas lutou por vários meses para convencer seu marido a se juntar a ela.
Outra decidiu que para salvar seu casamento, ela deveria tirar um ano sabático e voltar para a faculdade, dando à família um equilíbrio e um respiro dos seus dois empregos de “alta potência”.
Uma terceira tentou reduzir seu tempo de trabalho no escritório, mas rapidamente percebeu que estava sendo marginalizada profissionalmente. Ela preferiu um doutorado, seu marido continuou sua carreira.
Esta experiência enfatiza a conclusão que Avivah tirou de anos de pesquisa e experiência: as mulheres profissionalmente ambiciosas realmente só têm duas opções quando se trata de seus parceiros pessoais: um parceiro que a apoie ou nenhum parceiro.
Qualquer coisa entre os dois acaba sendo desgastante.
Esta é a realidade da transição pela qual estamos passando quando se trata de mulheres no local de trabalho.
O século 20 viu o surgimento das mulheres.
O século 21 vive a adaptação (ou não) dos homens às consequências desse aumento.
A realidade é que a transição não é suave, mas os benefícios são potencialmente enormes.
Até agora, uma pequena minoria de homens e empresas ainda está na vanguarda.
Como Melinda Gates escreveu recentemente, ainda estamos “enviando nossas filhas para empresas projetadas para nossos pais” e em casamentos de igualdade – desde que a carreira do homem não seja perturbada pelo sucesso de sua esposa.
Não é que esses maridos não são cônjuges solidários.
Eles certamente se veem assim – como fazem muitos dos CEOs e líderes das empresas com as quais Avivah trabalha.
No entanto, eles são muitas vezes apanhados por surpresas que não esperavam.
São homens que se dizem felizes em ter esposas bem-sucedidas, as aplaudem e apoiam – até que isso comece a interferir em suas próprias carreiras.
Um estudo de Pamela Stone e Meg Lovejoy descobriu que os maridos são um fator chave em dois terços das decisões das mulheres de abandonar o trabalho.
Muitas vezes porque as esposas tinham que preencher o chamado “vácuo parental” (ou seja: responsabilizarem-se pelos afazeres domésticos).
“Enquanto as mulheres quase unanimemente descrevem seus esposos como apoiadores”, escreve o pesquisador Joan Williams, “elas também contaram como esses maridos se recusaram a alterar seu próprio horário de trabalho ou a aumentar sua participação nos cuidados domésticos.”
Uma delas confessou:
“Ele sempre me disse: “Você pode fazer o que quiser”. Mas ele não está lá para se encarregar de nada”.
As mulheres ficam chocadas e surpresas, porque pensam que as regras de engajamento são claras, que os casais bem-educados se apoiam mutuamente e se revezam, ajudando uns aos outros a se tornarem tudo o que podem ser.
Uma pesquisa de Harvard destaca essa desconexão: mais da metade dos homens esperavam que suas carreiras tivessem prioridade sobre a carreira de suas esposas.
Por outro lado, a maioria das mulheres esperava casamentos igualitários (quase nenhuma mulher esperava que suas próprias carreiras viessem em primeiro lugar).
Os homens de hoje são muitas vezes retratados como mais esclarecidos, mas os dados complicam essa imagem.
Pesquisas mostraram, ainda, que os homens mais jovens podem estar menos comprometidos com a igualdade do que os mais velhos.
Mesmo os casais que estão comprometidos com a igualdade, navegam por águas difíceis com a dupla carreira.
É mais fácil optar pelo caminho de menor resistência – a norma histórica de um homem focado na carreira e uma mulher focada na família.
Especialmente se, como é frequentemente o caso, o homem é mais velho, tem uma vantagem na carreira e, assim, ganha um salário mais alto.
Isso leva a um ciclo difícil de quebrar: os homens ganham mais oportunidades para ganhar mais, e torna-se cada vez mais difícil para as mulheres se recuperarem.
A desilusão é profunda e duradoura.
O resultado é uma reação tardia, como encontra-se na pesquisa de um livro sobre o aumento das taxas de divórcio e matrimônio nas décadas de 1950 e 1960: mulheres talentosas, forçadas pela atitude do marido a rebaixar suas aspirações, aguardam seu tempo.
Cerca de 60% dos divórcios tardios são de iniciativa das mulheres, já que só conseguem se concentrar na carreira após os 50 anos.
Agora é a vez de o marido ficar chocado, já que trabalhou tão duro, tão bem – era o que tinha entendido como seu papel!
“Eu não sabia”, é o que muitos dos homens que entrevistados dizem depois que são deixados pelas esposas.
Para Avivah, isso parece muito como o que os líderes corporativos dizem depois que seus executivos mais idosos os abandonam.
Eles não esperam essa saída, porque não entendem como as pessoas podem ficar aborrecidas com suas atitudes de falta de reconhecimento (como promover uma pessoa menos competente).
Mas, no final, não é verdade que eles não sabem.
A realidade é que eles não se importam.
Eles não ouvem, porque não pensam que tinham que fazê-lo.
Eles acenam com a cabeça distraidamente e ignoram as reações de desaprovação porque acham que não os afetaria diretamente.
Já no casamento, vários homens acham que as frustrações de suas esposas são fruto da menopausa e tudo o que têm de fazer é esperar.
Típico, não? É exatamente esse tipo de minimização que leva as mulheres a quererem o divórcio tardio. Para a surpresa, e dor subsequente, de seus maridos.
Mas isso não é o que a dualidade moderna nos apresenta para um século mais equilibrado em termos de gênero.
Um casal de dois trabalhadores tem grandes vantagens em tempos econômicos turbulentos, como Eli Finkel, da Northwestern University, escreveu em seu livro “The All-or-Nothing Marriage“.
Esse é apenas um dos motivos que fazem a Avivah acreditar que os casamentos de hoje tendem a ser mais felizes e equilibrados.
Isso porque o equilíbrio de gênero cria, em casa, casais muito mais resilientes. Mas é necessário apoio mútuo ao longo das décadas.
Muitas coisas que as pessoas aprendem sobre liderança e construção de equipes no trabalho são diretamente transferíveis para gerenciar melhor equilíbrio em casa.
Algumas das estratégias que Avivah descreve no seu próximo livro incluem:
#1 Visão
Discutir os objetivos pessoais e profissionais de longo prazo e revisá-los regularmente.
A falta de alinhamento e apoio mútuo entre casais pode descarrilar estratégias de vida inteira.
Seja clara sobre o apoio necessário e esperado para alcançar esses objetivos e de onde ele virá.
#2 Escuta ativa
A queixa mais comum das mulheres é que elas não se sentem ouvidas; dos homens, que eles não se sentem apreciados.
Para o primeiro, introduza sessões de audição sentadas regulares (mensalmente é bom, no mínimo uma vez a cada três meses).
Com dedicação, concentração, cara a cara, sem falhas comunicativas, ouvindo tudo o que seu(sua) parceiro(a) precisa dizer.
Repita novamente o que você ouviu. Ajuste conforme necessário. Em seguida, mude.
Soa estranho? Somente até se tornar uma “economia de relacionamento”.
#3 Feedback
Todos apreciam o feedback, mas é cada vez mais raro, tanto em casa como no trabalho.
A regra recomendada é de 5 a 1: cinco comentários positivos para cada um “construtivo”.
Acontece que os seres humanos adoram ser admirados, especialmente pelos seus parceiros íntimos.
Então diga ao seu cônjuge o quão lindo, brilhante, atencioso e solidário ele(a) é.
Recompense-o positivamente, admire-o crescer.
Soa artificial? Só até ver a luz acender em seus olhos.
Se o seu parceiro não está disposto a se envolver, parece desinteressado e resistente, você deve se perguntar o porquê.
Assim como no trabalho, é interessante primeiro trabalhar a si mesmo.
Compreenda seus próprios problemas, o impacto que você tem sobre os outros, o grau que está criando a reação com a qual está lutando.
Considere trabalhar com um(a) terapeuta ou coach.
No final, depois que você se descobrir, se o relacionamento não melhorar, a questão permanece: o que te mantém nesta equipe? Você fica por amor ou por medo?
Até recentemente, as mulheres tinham mais medo em relação às finanças; a falta de amor era ruim, mas não tanto quanto a pobreza.
Para muitas mulheres, uma maior independência financeira significa que eles podem manter seus relacionamentos com um padrão mais elevado.
As mulheres querem amor, reconhecimento e apoio – no trabalho e em casa.
Da mesma forma como elas têm aberto mão de casamentos falidos, vão se “divorciar” das empresas que não oferecerem isso – e muitas delas vão começar suas próprias empresas.
Reter mulheres, em casa e no trabalho, exige habilidade e autoconsciência.
É preciso reajustarmos as regras de ontem para a realidade de hoje.
No trabalho, significa adaptar as culturas e os sistemas da empresa.
Em casa, exige um foco igualmente estratégico no aprimoramento do potencial de ambos os parceiros, com uma visão familiar a longo prazo com responsabilidades divididas de forma equilibrada, muita atenção e elogios regulares nessa jornada.
Qualquer coisa menor que isso é retrocesso.
O que achou do artigo da líder Avivah Wittenberg-Cox? Comente!
Em pleno mês da mulher, relembrar a importância desse olhar sobre os nossos papéis sociais é de extrema relevância!
Este artigo é uma tradução do Awebic do texto originalmente publicado em Harvard Business Review escrito por Avivah Wittenberg-Cox.
Imagens: pexels.com e pixabay.com
Compartilhe com seus amigos e amigas!
Analista de SEO e editora do Awebic e Receitinhas. Escrevendo desde sempre, formada em jornalismo, fotógrafa por hobby, dando as caras na centraldoleitor.com, apaixonada por gatos, café e Harry Potter; Amandinha é leitora fissurada e estudante ininterrupta antes de qualquer coisa.