Como vencer: o método desconhecido de Michael Phelps
A expansão da inteligência emocional é a chave para controlar suas emoções e se transformar em alguém “acima da média”. Mas como fazer isso?
Não. Este não é mais um artigo sobre “mindset vencedor”, nem uma lista de 10 coisas que você precisa fazer antes de começar o seu dia.
Tudo que está escrito aqui já foi comprovado por estudos e pesquisas realizadas nas maiores universidades do mundo.
Você vai conhecer algumas técnicas usadas por psicólogos para levar ao topo os atletas mais incríveis que esse planeta já conheceu.
Se existe algo que o mercado financeiro me ensinou em pouco mais de cinco anos é que, para ser bem-sucedido em qualquer atividade, além de trabalhar duro, é preciso ser emocionalmente inteligente. Pelo menos na minha área de atuação, a pessoa precisa empenhar 10% do cérebro e 90% do estômago.
Em uma cena do filme Rocky Balboa, Rocky diz ao filho algo mais ou menos assim:
“A vida não é apenas sol e arco-íris. Ela é difícil e maldosa. E não me importa o quanto você é durão, ela vai te bater e mantê-lo de joelhos se você permitir.
Eu, você, nem ninguém vai bater tão forte quanto a vida. Mas o jogo não é sobre o quanto você bate, mas o quanto você consegue apanhar e ainda continuar seguindo em frente. O quanto você aguenta e continua seguindo em frente. É assim que as vitórias são feitas!
Se você sabe o quanto vale, vá lá e conquiste. Mas você tem que estar disposto a absorver os golpes.”
Assista ao vídeo no YouTube.
Essa cena fez muito sentido para mim nos primeiros anos estudando sobre a bolsa de valores e o mercado financeiro em geral. Mas a grande pergunta que fica é: como aguentar as pancadas que a vida nos dá? Como não jogar a toalha depois de levar tanta porrada?
Não importa a sua idade, gênero, nem quantos diplomas você tem; se você não tiver domínio do seu emocional, você vai fracassar. E este domínio é conquistado da expansão e do desenvolvimento da sua inteligência emocional.
“A inteligência emocional, mais do que qualquer outro fator, mais do que Q.I. ou experiência, é responsável por 85% a 90% do sucesso no trabalho. Q.I. é uma competência secundária. Você precisa, mas não vai fazer de você uma estrela. A inteligência emocional vai.” — Warren Bennis, professor de Gestão na University of Southern California.
Mas o que diabos é inteligência emocional?
A inteligência emocional, também conhecida como E.Q.I – o Q.I emocional – é a capacidade de reconhecer e lidar com os próprios sentimentos. Todas as experiências que passamos durante a vida ficam registradas em nosso subconsciente.
Essas experiências moldam nossa percepção e a forma com que reagimos aos estímulos externos. A função do E.Q.I é evitar que a pessoa seja “dominada” pelas emoções durante a tomada de decisões.
As emoções influenciam diretamente no processo cognitivo.
António Damásio, neurologista e neurocientista português que trabalha no estudo do cérebro e das emoções humanas, fez um discurso em uma conferência de neurologia onde afirmou:
“Precisamos mudar nossa crença de que os seres humanos são criaturas pensantes, que algumas vezes tem sentimentos. As últimas evidências empíricas mostram claramente que seres humanos são criaturas sentimentais, que algumas vezes pensam”.
Somos assim porque o nosso instinto natural é sempre buscar prazer e segurança e evitar e dor e perigo.
Exemplo: se você vê uma pessoa na rua correndo em sua direção gritando: “O animais fugiram do zoológico”, você pode parar, pensar e ponderar se aquela informação é real ou não.
Mas, se você vira a esquina e dá de cara com elefantes, girafas e tigres correndo em sua direção, você simplesmente vira as costas e corre o mais rápido que puder. Esse é o instinto natural buscando a segurança. No instante em que você reconheceu o perigo, seu subconsciente enviou uma mensagem ao seu corpo dizendo: “Suma daqui!”
O problema é que em atividades que exigem alto desempenho e decisões rápidas, como operar na bolsa de valores ou ser um atleta profissional de alto nível, essas reações automáticas à percepção de perigo são prejudiciais para o bom desempenho.
O outro problema é que é simplesmente impossível eliminar sentimentos, emoções e instintos. Eles fazem parte de nós e não há nada que possamos fazer.
Razão vs. Instinto: como vencer a batalha emocional
Nós não conseguimos eliminar os sentimentos, mas conseguimos identifica-los e controla-los através da expansão da inteligência emocional. É o E.Q.I que vai desenvolver a sua disciplina e fazer com que você consiga não eliminar, mas reconhecer suas emoções e controlar suas reações a elas.
E uma das maneiras de desenvolver e expandir a sua inteligência emocional é através da visualização e ensaio mental (em inglês, Visualization and Mental Rehearsal, ou VMR).
Durante sua carreira, duas vezes ao dia, Phelps fazia a visualização mental da prova de natação perfeita.
O VMR é uma técnica conhecida no mundo dos esportes entre psicólogos e atletas de alto nível. Lendas como Michael Jordan, Tiger Woods, Tom Brady e Michael Phelps são alguns dos adeptos dessa técnica.
Se duvida de mim, assista a este vídeo da final do futebol americano da temporada 2016/2017, o Super Bowl LI – onde os Patriots perdiam por 28-3 e conseguiram uma virada histórica e absolutamente incrível – e me diga se ela não foi conquistada pela equipe melhor preparada mentalmente.
Assista ao vídeo no YouTube.
No livro “O Poder do Hábito”, Charles Duhigg comenta sobre a rotina que levou Michael Phelps a ganhar 28 medalhas olímpicas e ser o maior vencedor individual em dois mil anos de Jogos Olímpicos:
“Bowman [treinador de Phelps] acreditava que, para um nadador, o segredo da vitória era criar as rotinas certas. Ele sabia que Phelps tinha o físico perfeito para a piscina. Todo mundo que acaba competindo numa Olimpíada tem uma musculatura perfeita. O que Bowman podia dar a Phelps, no entanto — o que o distinguiria de outros competidores -, eram hábitos que fizessem dele o nadador mentalmente mais forte na piscina.”
A técnica de VMR consiste, basicamente, em criar uma imagem mental do comportamento que queremos mudar ou melhorar, e então criar um “filme” em sua mente, onde você visualiza a si mesmo executando perfeitamente cada etapa desse comportamento. Quanto maior o número de detalhes que você conseguir adicionar no seu filme, mais intenso e eficiente será o exercício.
Charles Duhigg conta como era a rotina de Phelps:
“Quando Phelps era adolescente, por exemplo, ao final de cada treino, Bowman lhe dizia para ir para casa e assistir à fita de vídeo. ‘Assista antes de dormir e quando acordar’. A fita não era real. Na verdade, era uma visualização mental da prova de natação perfeita.
Toda noite antes de dormir e toda manhã logo ao acordar, Phelps se imaginava pulando dos blocos e, em câmera lenta, nadando impecavelmente. Visualizava suas braçadas, as paredes da piscina, suas viradas e o momento da chegada.
Imaginava o rastro na água atrás de seu corpo, a água pingando de seus lábios quando a boca vinha à tona, qual seria a sensação de arrancar a touca no final. Deitava na cama de olhos fechados e assistia à competição inteira, nos mínimos detalhes, inúmeras vezes, até que soubesse cada segundo de cor”.
A vantagem dessa técnica é que, ao criar uma situação em sua mente milhares e milhares de vezes, você, na verdade, está ensaiando e se acostumando com todos os detalhes, nuances e imprevistos da realidade. Quando a hora da verdade chegar, você estará preparado.
O VMR funciona como um treinamento para atingir o quarto estágio do aprendizado, chamado de competência inconsciente. Um bom exemplo disso é quando está dirigindo um carro. Você não pensa no que está fazendo; simplesmente age, pois todas as etapas do processo de dirigir já estão enraizadas no seu subconsciente.
Como começar?
Se você quer realmente aumentar o seu desempenho em alguma atividade, comece a praticar este exercício. Se possível, faça-o todos os dias ao acordar e antes de dormir.
Pratique em um ambiente tranquilo, onde nada vai te perturbar. Feche os olhos e respire fundo até atingir um estado de relaxamento. Depois, imagine a atividade que você quer desenvolver (como Phelps imaginava a corrida perfeita).
Visualize a cena como se você estivesse vendo a si mesmo, em 3ª pessoa. Reconheça todos os detalhes que conseguir, a cor da parede, a textura da cadeira, o som ambiente. Lembre-se, quanto mais detalhes, mais intensa será a experiência.
É importante que você visualize todo o processo sendo executado com perfeição, do início ao fim.
Faça primeiro em 3ª pessoa e depois repita o processo imaginando a cena em 1ª pessoa. Faça isso com seriedade e consistência e eu garanto que seu desempenho irá melhorar.
A mensagem é simples: quer ser um vencedor? Então pare de sorrir em frente ao espelho, esqueça o café da manhã “high stakes” e vá preparar sua mente.
Se você já experimentou essa ou outras técnicas, deixe um comentário contando como foi a sua experiência. Se tudo isso é novidade para você, fique à vontade para tirar dúvidas e enviar seus comentários.
Analista de SEO e editora do Awebic e Receitinhas. Escrevendo desde sempre, formada em jornalismo, fotógrafa por hobby, dando as caras na centraldoleitor.com, apaixonada por gatos, café e Harry Potter; Amandinha é leitora fissurada e estudante ininterrupta antes de qualquer coisa.