Pesquisadores descobrem que veneno de taturana pode ajudar a combater doenças degenerativas

Pesquisadores do Instituto Butantan estão conduzindo um estudo segundo o qual o veneno da taturana tem potencial para ajudar no combate a doenças degenerativas que afetam os humanos.

A maioria das pessoas tem medo das taturanas justamente por sua má fama de causar queimaduras. No entanto, cientistas do Instituto Butantan, em São Paulo (SP), identificaram duas proteínas do veneno da espécie popularmente conhecida como taturana de fogo (Lonomia obliqua) com potencial de combater doenças degenerativas.

As proteínas têm o nome de rLosac e rLopap e também podem ser usadas no desenvolvimento de produtos para cicatrização e regeneração. O estudo realizado pelos pesquisadores foi publicado na revista científica Frontiers in Molecular Biosciences.

O contato com esses insetos deve ser evitado ao máximo e, se necessário for, é importante que a pessoa use sempre uma pinça, papel ou guardanapo para segurar a taturana (imagem: Andre Borges/Agência Brasília)

“Descobrimos que as proteínas impedem a morte celular. Losac, além de ativar o fator X da coagulação sanguínea, tem uma função neuroprotetora, enquanto Lopap, que ativa a protrombina, também induz a produção de moléculas de matriz extracelular, como colágeno e fibronectina, relacionados à regeneração”, disse Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, diretora de Inovação do Instituto Butantan, ao Globo.

Nos testes realizados, as proteínas foram capazes de impedir a morte das células e estimular a produção de moléculas relacionadas à regeneração – nos experimentos com animais, também foi percebida uma aceleração da cicatrização de feridas.

“Em modelos de células envolvidas em processo articular e de células que compõem os tecidos, como a pele, por exemplo, nós observamos o potencial regenerativo desses peptídeos, que foram capazes de regular genes envolvidos neste processo, bem como induzir a expressão de proteínas específicas”, disse a pesquisadora.

A pesquisa foi conduzida por cientistas do Instituto Butantan (imagem: reprodução/Instituto Butantan)

Os estudos foram baseados em casos de queimadas, úlceras e feridas de difícil regeneração. Aí você pode se perguntar: qual a importância dessa descoberta? Com as proteínas encontradas na taturana, será possível contribuir com o desenvolvimento de novos medicamentos e também para a indústria de cosméticos.

Muitas pessoas que sofrem lesões em acidentes ou por alguma doença específica precisam de remédios para ajudar na cicatrização e na regeneração. Quanto mais opções eficazes estiverem à disposição da ciência e da medicina, melhor!

Riscos

Mas atenção: nada de ver uma taturana e já querer enconstar nela achando que, por causa dessa notícia, ela não faz nada de mal. Esse animal pode ser perigoso e peçonhento. Há casos de pessoas que entraram em contato com as cerdas do inseto e sofreram hemorragia cerebral, insuficência renal e foram levados até mesmo a óbito, segundo Ana Marisa.

Toda vez que os cientistas vão manipular uma taturana, eles estão em ambiente controlado, com equipamentos adequados e são treinados para isso. Então, mantenha distância e, se precisar ter contato com ela, use algum objeto de apoio, como, por exemplo, uma pinça, folha de papel ou guardanapo para tirá-la do caminho.

Estamos na torcida para que a pesquisa avance e ajude a ciência a avançar cada vez mais!

Fonte: O Globo

Marcelo Silva
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Marcelo Silva

Jornalista apaixonado por contar histórias. Paranaense radicado em São Paulo. Louco por viagens e experiências novas.