Atriz com autismo ganha prêmio em festival de cinema: ‘Muito feliz e emocionada’
A Maria Luiza, carinhosamente chamada de Malu, ganhou o prêmio de Melhor Atriz em um festival de cinema pelo curta-metragem "As Faces de Ali". A jovem, que tem autismo, nunca tinha atuado antes.
“Eu fiquei muito feliz e emocionada. Achei que ia chorar. É um reconhecimento do trabalho. É muito bom porque o filme faz com que as pessoas saibam que a gente existe e reconheça as nossas dificuldades.” A fala é de Maria Luiza Vieira, 19 anos, atriz com autismo premiada no na 8ª edição do Festival Internacional de Cinema Escolar de Alvorada (RS), o Fecea.
Nascida em Brusque (SC), a Maria Luiza, carinhosamente chamada de Malu, conquistou o prêmio de Melhor Atriz pelo curta-metragem As Faces de Ali, em que ela interpreta a protagonista Alice, que também tem autismo. A obra abordaa a realidade de uma pessoa autista e foge dos estereótipos (a maioria dos autistas que conhecemos na mídia são crianças, meninos e brancos).
Na história, Alice tenta manter sua autonomia ao mesmo tempo em que precisa lidar com crises e tenta disfarças os seus traços autistas na frente das outras pessoas. Uma situação muito comum para quem é diagnosticado tardiamente com autismo.
O curioso é que a Malu não é atriz de formação – foi a sua primeira experiência atuando. Ela ficou sabendo da oportunidade pelas redes sociais e conquistou a diretora do curta, Diana Griebeler Rocha.
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“Divulguei nas redes sociais, entrei em contato com as pessoas interessadas e pedi vídeo. Chegou material de pessoas não autistas e o da Malu, que super encaixou com a personagem. Pedi para ela vir até Itajaí, conversamos, ensaiamos e foi ali que definimos que ela seria a protagonista. Foi muito legal. Conseguimos trazer coisas que estavam relacionadas com vivências que ela tem. Se tornou algo muito verdadeiro, comovente, e acredito muito que por isso ela ganhou os prêmios”, afirmou Diana em entrevista ao jornal O Município.
Uma curiosidade: o curta-metragem foi o trabalho de conclusão da Diana no curso de Produção Audiovisual da Univali.
Primeira vez
Mesmo sem nunca ter pensado em ser atriz, a Malu curtiu a experiência. “Eu pude conhecer como é o trabalho de uma atriz. Vi que não é fácil, é muito trabalho. Gravamos muito para o filme que tem 15 minutos.”
Atualmente, ela trabalha como trabalha como secretária da Associação dos Pais, Profissionais e Amigos dos Autistas de Brusque e Região (AMA) e se prepara para cursar Terapia Ocupacional na universidade.
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O curta-metragem, que também foi premiado no Festival Nacional de Cinema Universitário Tainha Dourada (nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Atriz), ainda não está disponível no YouTube ou em outra plataforma.
No entanto, a intenção é liberá-lo ao público depois de passar por mais premiações. Uma obra que, sem dúvida, irá ajudar a quebrar preconceitos e mostrar às pessoas a realidade de quem vive com autismo.
Fonte: O Município
Jornalista apaixonado por contar histórias. Paranaense radicado em São Paulo. Louco por viagens e experiências novas.