Ameaçado de extinção, tubarão-martelo é devolvido ao mar após ser pescado por acaso
Em Mongaguá (SP), pescadores capturaram um tubarão-martelo, que, felizmente, foi devolvido ao mar. Ameaçados de extinção, esses tubarões não podem ser consumidos e nem tirados da natureza.
Um grupo de pescadores de Mongaguá (SP) se surpreendeu ao capturar um tubarão-martelo-recortado (Sphyrna lewini), um animal ameaçado de extinção e que não representa nenhum risco aos humanos. Felizmente, ele foi devolvido ao mar com vida.
“Eu pude pegar [o tubarão], achei muito duro e a pele era quase como um couro. Em um momento, eles disseram que iriam levá-lo. Mas a esposa [de um dos pescadores] falou que soltaria o animal no mar. Eu realmente os vi jogar”, disse, ao g1, uma pessoa que estava no local quando tudo aconteceu. Nas imagens divulgadas, é possível ver o tubarão-martelo preso por um anzol.
De acordo com o biólogo marinho Eric Comin, o animal das imagens é uma fêmea filhote. A espécie, que pode chegar a 2,5 metros de comprimento, está ameaçada de extinção por causa da pesca em larga escala e do comércio das barbatanas. Na culinária chinesa, elas são usadas como tempero de sopa.
Mas não se trata de uma exclusividade da China. O consumo do tubarão-martelo acontece até mesmo aqui no Brasil, de maneira indevida e sem identificação, já que muitos mercados de peixes vendem essa carne pelo nome genérico de “cação”. Além de prejudicar a sobrevivência da espécie, ainda faz mal para a saúde humana.
“O consumo da carne desses animais é extremamente prejudicial à saúde. É uma carne contaminada com mercúrio e metais pesados que atingem o sistema nervoso central”, disse o biólogo. Logo, se algum dia você estiver pescando no litoral e capturar um tubarão-martelo (ou qualquer outro animal em risco de extinção), faça igual os pescadores de Mongaguá e devolva-o ao mar.
O que mais chama a atenção no tubarão-martelo é o formato da sua cabeça. Mas você já se perguntou por que ele é assim? Essa é considerada uma inovação evolucionária recente. Isso porque os primeiros tubarões surgiram há 450 milhões de anos, ao passo que os “martelos” estão na Terra há 20 milhões de anos, segundo a BBC.
Graças ao formato incomum da sua cabeça, o tubarão-martelo tem uma série de vantagens que outros peixes não possuem. Entre elas, um melhor desempenho na natação, facilidade para encurralar presas no fundo do mar, visão mais apurada, mais espaço para o cérebro, enfim, benefícios que a evolução trouxe e que os ajudam a sobreviver na natureza.
Quer saber mais uma curiosidade que poucos sabem? Existem, na verdade, nove espécies de tubarão-martelo. A da notícia, por exemplo, é o tubarão-martelo-recortado. No Brasil, também é possível encontrar outros exemplares, como o tubarão-martelo-liso (Sphyrna zygaena) e o tubarão-martelo-panã (Sphyrna mokarran).
Jornalista apaixonado por contar histórias. Paranaense radicado em São Paulo. Louco por viagens e experiências novas.