Primeira escola do Brasil para fotógrafos cegos é inaugurada no Espírito Santo
Cegos podem trabalhar de fotógrafos? Claro que podem! Um exemplo é o João Maia, fotógrafo que trabalhou na cobertura de duas Paralimpíadas e vai inspirar os alunos por lá!
Pela primeira vez no Brasil, alunos cegos vão ter a oportunidade de estudar fotografia em uma escola criada especialmente para isso. Uma iniciativa incrível que vem para abrir portas para uma nova geração de talentos e reforçar a inclusão das pessoas com deficiência visual.
E sabe quem vai começar a inspirar os alunos? João Maia, considerado o maior profissional cego de fotografia no Brasil. Para você ter uma noção, ele foi, por duas vezes, fotógrafo oficial dos Jogos Paralímpicos, ganhando destaque na imprensa por sua dedicação e vai oferecer um bate-papo incrível com eles.
As aulas do novo curso são em Vitória, no Espírito, e a primeira turma possui 12 alunos. “A gente aposta nessa transmissão de uma poética visual para essas pessoas que nunca enxergaram imagens”, afirmou Rejane Arruda, idealizadora do projeto, presidente da Associação Sociedade Cultura e Arte (SOCA Brasil) e diretora do coletivo e da Escola de Fotógrafos Cegos (EFC), segundo o site Só Notícia Boa.
Como os alunos não enxergam, a escola se preocupou em criar um curso adaptasse que despertasse o uso dos outros sentidos. “Serão feitas muitas descrições, procedimentos práticos, nos quais elementos como o toque, a vivência no espaço, metáforas, serão usados para transmitir essa poética aos alunos, até o ponto de, ao fim dos oito meses, eles se tornarem autônomos e conseguirem construir os próprios dispositivos para a experiência fotográfica”, disse Rejane.
Bolsas para os alunos
E olha que legal: além da formação ser gratuita, os alunos recebem uma bolsa no valor de R$ 360 por mês. A quantia é paga pela ES Gás, companhia de gás do Espírito Santos. Uma forma de incentivar os jovens a fazerem o curso e de ajudar financeiramente a cobrir possíveis gastos com alimentação e transporte até a escola.
O cenário para as fotos dos alunos serão os espaços da cidade em que moram e frequentam no cotidiano. Ao final, será feita uma curadoria e 32 fotografias feitas no curso serão expostas no Parque do Moscoso, em Vitória. Ou seja, a população vai ter a oportunidade de conferir o trabalho dos futuros fotógrafos.
“Aos poucos, vão percebendo que cada um pode ter um estilo, como autor de uma obra. A meta é a imagem como obra. Não uma fotografia instrumental, mas fotografia arte. A gente aposta que eles são bons contribuintes, bons artistas, exatamente por não enxergarem. Essa é a hipótese do projeto. Porque não enxergam, eles fotografam melhor do que a gente. Eles têm uma imprevisibilidade no olhar. Isso gera bons produtos, boas estéticas”, disse a diretora da escola.
Não temos dúvidas de grandes trabalhos e grandes fotógrafos sairão desse projeto! Parabéns a todos os envolvidos e muito sucesso a cada um dos alunos.
Jornalista apaixonado por contar histórias. Paranaense radicado em São Paulo. Louco por viagens e experiências novas.