Anita, a cacique brasileira que inspira ao acolher refugiados venezuelanos: ‘recebemos de braços abertos’
Em Roraima, a cacique Anita é líder de uma comunidade indígena que acolhe refugiados vindos da Venezuela.
Quem conhece a história da cacique Anita Yanez percebe logo de cara que se trata de uma grande mulher! Além de ser a primeira líder política feminina da comunidade de Sakau Motá, em Roraima, ela inspira por fazer um trabalho lindo de acolhimento a indígenas refugiados da Venezuela.
Localizada na fronteira entre Brasil e Venezuela, a comunidade de Sakau Motá começou a receber um fluxo grande de indígenas Pémon-Taurepang vindos do país vizinho, sendo hoje lar de mais de 400 pessoas. Esse trabalho de acolhimento aos refugiados é liderado por Anita.
“Somos da mesma etnia, muitos somos até família. Recebemos [as pessoas refugiadas e migrantes] de braços abertos por isso. Eu via a dor, e colocava gente até na minha casa, dividindo quarto com a gente”, diz Anita, segundo matéria publicada no site da ONU.
Mais de duas mil pessoas da etnia Pemón saíram da Venezuela e buscaram asilo no Brasil, de acordo com dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Se formos considerar os indígenas de diferentes etnias, esse número chega a 7,5 mil.
À medida que os indígenas chegavam da Venezuela, Anita começou a ajudar também na busca por documentação, acesso à saúde e à educação dessas famílias refugiadas. Ao lado da ACNUR, ela auxilia na hora de solicitar o refúgio no Brasil – documento que garante a permanência no país.
E esse apoio é extremamente essencial. Afinal, os refugiados chegam sem orientação, com praticamente nada, exaustos e com crianças para alimentar. Bem acolhidos em Sakau Motá, os indígenas venezuelanos trabalham lado a lado com os brasileiros montando casas e reivindicando às autoridades uma infraestrutura mínima para viverem.
Luta por melhorias
“Precisamos de mais salas de aula, de um local limpo para atendimentos de saúde, de parques para as crianças, de estradas seguras em que podemos ir à cidade. Eu sonho acordada. Toda vez que olho para minha comunidade, vejo tudo isso que acabo de dizer. Mas não quero mais sonhos, quero realidades. Quero que tudo isso que quero para Sakau Motá se concretize”, afirma Anita.
A própria cacique sentiu na pele a dor que é ser obrigada a se deslocar. Aos 7 anos, teve a comunidade em que vivia, mais ao norte de Roraima, invadida e queimada. “Reconheci neles [nos refugiados] a dor que senti naquele momento, por isso mantive sempre os braços abertos. É muito difícil viver com essa dor.”
Histórias como essas são um verdadeiro exemplo de solidariedade e busca por um mundo mais justo e digno. Que a luta da Anita e de toda a sua comunidade inspire mais pessoas!
Fonte: ONU
Jornalista apaixonado por contar histórias. Paranaense radicado em São Paulo. Louco por viagens e experiências novas.