Hiroo Onoda, o soldado japonês que ficou 30 anos na floresta achando que a 2ª Guerra não tinha acabado
A história de Hiroo Onoda é uma daquelas que não se conhece em qualquer lugar. Tenente do exército japonês, ficou 30 anos escondido na selva achando que a 2ª Guerra Mundial não tinha acabado. Na volta ao seu país natal, foi recebido como um herói
Pensa numa história que parece saída de um filme. Pensou? Pois bem, então conheça o caso de Hiroo Onoda, um tenente do exército japonês que estava lutando na Segunda Guerra Mundial.
Em dezembro de 1944, ele foi transferido para uma pequena ilha nas Filipinas chamada Lubang. Obrigado a se refugiar em uma floresta por conta de um ataque americano, ficou escondido por cerca de 30 anos. Sim, isso mesmo, 30 anos!
Na cabeça de Onoda, a guerra não tinha acabado e era necessário continuar com sua missão de proteger a ilha até o retorno das tropas japonesas. Ele foi até dado como morto pelas autoridades, mas, depois soube-se que estava vivo e foi recebido como herói no Japão, em 1974.
Escreveu um livro de memórias que se tornou best-seller – e adivinha? Virou filme! Um longa-metragem de 3 horas de duração dirigido pelo cineasta francês Arthur Harari. “Onoda: 10 Mil Noites na Selva”, como chama a produção, tem estreia prevista no Brasil para agosto deste ano.
Não é difícil imaginar pelo que Onoda passou na selva. Falta de comida, de estrutura básica para viver e até mesmo do que fazer no meio do mato para ocupar a mente. Sua alimentação era baseada em cascas de banana, cocos e arroz roubado. Em alguns momentos, via aviões sobrevoando a área e tinha a convicção de que eram veículos inimigos.
Sempre que via equipes de busca à sua procura e de seus companheiros, Onoda acreditava que eram prisioneiros japoneses forçados a buscar fugitivos que também seriam transformados em prisioneiros. Para cada coisa que acontecia, o soldado tinha uma teoria pronta.
Recepção no Japão
Claro que, um dia, a ilusão chegou ao fim e o fiel soldado foi convencido de que a Segunda Guerra Mundial tinha acabado. Ao retornar ao Japão, ele foi recebido por uma multidão de cerca de oito mil pessoas, segundo a BBC. Até mesmo a televisão pública japonesa, a NHK, fez a transmissão ao vivo da sua chegada.
Recebeu, literalmente, o tratamento de um herói nacional que incorporou muito bem qualidades como garra, força, coragem, resistência, patriotismo.
Uma curiosidade é que Onoda chegou a morar no Brasil! Em 1975, trabalhou em uma fazenda no estado do Mato Grosso do Sul, mas vivia viajando de volta para sua terra natal. Ou seja, nosso país cruzou o destino desse personagem histórico.
Em 2014, Onoda faleceu em Tóquio, capital do Japão, aos 91 anos. Fato que, novamente, o colocou nas manchetes dos jornais e que gerou comoção por parte do governo japonês.
Mesmo já tendo partido, sua história será para sempre lembrada como o último soldado japonês a lutar por sua pátria até mesmo após o fim da guerra.
Jornalista apaixonado por contar histórias. Paranaense radicado em São Paulo. Louco por viagens e experiências novas.