Jovem se torna a primeira pessoa tetraplégica a se formar em Medicina no Brasil
Elaine ficou tetraplégica aos 26 anos após sofrer um AVC. Mesmo com todas as dificuldades, seguiu firme no seu propósito e se formou em Medicina, a primeira pessoa tetraplégica a se formar no curso no Brasil.
Todos fazemos planos para nossas vidas. Estudar, se formar, ter uma profissão, viajar, conhecer pessoas, ser feliz. Mas, muitas vezes, o destino é incerto e coloca coisas no nosso caminho que não estavam previstas.
Foi o que aconteceu com a Elaine Luzia dos Santos, que perdeu a fala e os movimentos do pescoço para baixo em 2014, ao sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). Mesmo com todas as barreiras, ela acaba de se formar em Medicina, a primeira pessoa tetraplégica a conseguir esse feito no Brasil.
Esse era o maior sonho de sua vida e o sentimento de realizá-lo é único. Na sua colação de grau em Cascavel, no Paraná, ela agradeceu a todos que a apoiaram. “Vocês também são corresponsáveis pelo meu sucesso. Vocês não apenas me acolheram, mas também tomaram parte de si por minha causa. Tenham amor no cuidado com cada paciente, em tudo que vocês fizerem”, disse, segundo o G1.
A comunicação de Elaine, que hoje tem 33 anos, é feita por meio do olhar, usando uma tabela com letras que formam palavras. Ela recebe auxílio da pedagoga Clarice Palavissini, indicada pela Universidade Estadual do Oste do Paraná (Unioeste) para ajudá-la na faculdade.
Elaine é vista como um exemplo de dedicação e esforço por seus colegas e professores da graduação. Para a professora Rúbia Betânia Boaretto, o caso da aluna é uma prova de que é possível trabalhar com a inclusão na educação.
“Isso se chama inclusão e é muito bonito porque foi completa. […] A Elaine é inserida em um contexto de ensino com muita naturalidade, como dever ser. […] nada foi feito de modo a facilitar a vida dela, nós inserimos ela, mas nem por isso tornamos as coisas mais fáceis para ela”.
Inspiração
O objetivo de Elaine é especializar-se em radiologia, área da medicina que faz o diagnóstico de doenças por meio da análise de exames. Uma coisa muito bacana é que sua história já está inspirando outras pessoas. Entre elas, sua cuidadora, Isabela Alves, que já decidiu que também irá fazer medicina!
“Eu olho pra ela e me pergunto: por que não tentar? Ela tem todos os motivos para desistir e eu vou deixar passar a oportunidade?”, diz Isabela.
E ela está mesmo certa, não é mesmo? Elaine persistiu no seu sonho e hoje pode comemorar a conquista de se formar em um dos cursos mais concorridos e difíceis que existem.
Com todo esse empenho e amor pelo que faz, podemos ter a certeza de que será uma excelente médica radiologista. Fará a diferença na vida de muita gente, tanto os seus pacientes como outras pessoas que também sofrem de alguma deficiência ou limitação e vão enxergar nela uma fonte de inspiração.
Fonte: G1
Jornalista apaixonado por contar histórias. Paranaense radicado em São Paulo. Louco por viagens e experiências novas.