Haitiano preso injustamente é libertado da prisão graças a intérprete
Um haitiano foi acusado injustamente de matar a própria esposa e colocado atrás das grades. Sem falar português, não conseguia dar a sua versão da história e provar a inocência. Felizmente, o intérprete Bruno surgiu em sua vida e ajudou a livrá-lo da prisão.
Coloque-se no lugar de uma pessoa que vem ao Brasil e é acusada de um crime que não cometeu. Para piorar, não consegue se defender por não falar português. Deve ser desesperador, não acha?
Pois aconteceu na vida real. Um haitiano, que não teve a identidade revelada, sentiu isso na pele. Ele só se livrou da cadeia porque recebeu a ajuda de um intérprete.
O homem foi acusado de assassinar a sua própria esposa. Ele só fala o crioulo haitiano, idioma local do Haiti, e por isso não conseguia se comunicar.
E você deve imaginar que não é fácil encontrar um tradutor profissional que consiga fazer essa tradução. Por conta disso, ficou 16 meses preso, até um rapaz chamado Bruno Pinto Silva surgir em sua vida.
Bruno, mestrando em Linguística da Universidade de São Paulo, estuda o crioulo haitiano e fala o idioma com fluência. Além de estudante, ele também é auxiliar de Justiça e foi chamado pelo fórum para ajudar no caso.
“Ensino o crioulo haitiano desde 2014. Eles haviam chamado intérpretes de francês em outros momentos, mas esses intérpretes não conseguiram realizar o serviço [no Fórum Criminal]. A maioria dos haitianos fala somente o crioulo haitiano. A morte ocorreu em São Paulo e a acusação foi baseada no depoimento de uma única testemunha: um outro haitiano, que fala nosso português” ,explicou à página Ecoa, do portal UOL.
Reviravolta
Quando Bruno fez a tradução do depoimento do haitiano, a Justiça viu que as versões não batiam. O que ele falava era muito diferente do que disse o acusador. Essa testemunha foi, então, apontada como a real culpada pelo crime. Unindo os depoimentos com o laudo da perícia, tudo se encaixou.
O próprio promotor do caso pediu a absolvição do réu. O homem, então, foi liberado e voltou à penitenciária apenas para buscar suas roupas. Ele e o intérprete conversaram rapidamente depois que foi solto. Para Bruno, o sentimento foi de alegria ao ajudar a corrigir uma injustiça.
“Apesar da grande repercussão dessa história, sinto que isso não deveria ser a exceção, mas a regra. Ou seja, que os imigrantes tenham acesso a intérpretes para que sejam julgados devidamente“, afirmou Bruno.
Seu desejo é que cada vez mais profissionais de línguas, como intérpretes forenses, possam atuar nesses casos. Afinal, o Brasil é um país repleto de imigrantes que, a qualquer momento, também podem ser vítimas de um erro como esse. E, para que a justiça seja feita, é necessária que eles tenham a possibilidade de fazer a sua defesa de forma plena e clara.
Parabéns ao Bruno por ter impedido um final triste para essa história e transformado a vida do homem. Que ele continue nessa missão tão bonita de ajudar o próximo!
Fonte: Ecoa/UOL
Jornalista apaixonado por contar histórias. Paranaense radicado em São Paulo. Louco por viagens e experiências novas.