Homem resgata vizinhos em jangada após perder própria casa: ’85 voltas desde 4h da manhã’
O homem que perdeu tudo nas últimas enchentes que atingiram Itabuna/BA dedica todo o seu tempo para salvar vizinhos que estão ilhados.
Em Itabuna, região que sofre com consequências das fortes chuvas que atingiram as cidades e deixou milhares de desabrigados, foi visto um ato de heroísmo de um pedreiro que após perder sua casa, deu diversas viagens de jangada para salvar a vida de pessoas ilhadas.
As pessoas reagem das mais diversas maneiras a tragédias pessoais. Uns deitam e choram, outros se agigantam e transformam sua dor em combustível para superar o problema. Na dor é que podemos identificar os fracos e os fortes.
Jean Paulo, um jovem que trabalha como pedreiro tem se demonstrado um verdadeiro gigante. Ele, que é morador do bairro de Mangabinha, em Itabuna, perdeu sua casa e todos os seus pertences. O que seria motivo para derrubar o trabalhador, despertou o herói que havia nele.
Sobre uma jangada movida pela força de seus braços, o jovem navega sobre as águas da enchente à procura de sobreviventes. Quando os encontra, ele leva alimentos ou os leva para um lugar seguro. Jean chega a transportar até cinco pessoas por viagem.
“Dei 85 voltas desde as 4h da manhã. Já que perdemos nosso lar, não queremos que ninguém perca a vida. Tem muitas pessoas ilhadas ainda, precisando de muito apoio“, contou Jean, na segunda-feira (27), enquanto seguia o trabalho de resgate de moradores.
O esforço sobre-humano do pedreiro foi registrado pelo fotógrafo Guthierry Andrade, de 26 anos, que é vizinho dele e faz questão de ressaltar:
“Esse cara é um herói”. O fotógrafo conta que a atuação dele tem sido focada em seu bairro, onde 90% dos moradores estão desabrigados.
Fotos emocionantes
Em uma das fotos ele aparece sobre a jangada, sendo puxado por um homem dentro da água, acompanhado por quatro pessoas sobre a embarcação, com a madeira que usa para impulsioná-la no colo e uma expressão no rosto que é uma mistura de sofrimento, dor e cansaço.
Os registros do fotógrafo também estão sendo utilizados pelas autoridades públicas para comparar a atual enchente com uma que aconteceu por volta de 1967.
As fotos foram uma forma que o jovem Guthierry encontrou para também ajudar as pessoas da região.
“Fiz os registros para divulgar, porque tem muita gente precisando de ajuda. Teve foto que fiz com o coração partido“, disse.
As imagens têm circulado por todo o Brasil e despertado nas pessoas o sentimento de lamento pelo que aconteceu e de admiração ao pedreiro, que tem se doado até o último suspiro para ajudar os seus vizinhos a sobrevirem a uma das maiores tragédias que atingiu a região.
As fotografias mostram com transparência a dor e sofrimento que cai sobre as pessoas da região. São móveis destruídos, casas submersas, muita lama e pessoas desesperadas por ajuda.
Apesar de toda a dor, ficamos felizes em conhecer pessoas como o Jean, que poderia estar cuidando do recomeço de sua vida bem distante daquele local que lhe trouxe sofrimento, mas preferiu ficar e doar suas forças para ajudar pessoas que estão em risco de vida.
Fonte: Portal G1
Formado em História, entusiasta da literatura, apaixonado por artes.