Após acidente, pescador fica 34 horas à deriva antes de ser resgatado
Pescador experiente passa 34 horas a deriva em alto mar e sobrevive após seu barco ficar sem combustível e virar com a força do vento
O senhor Manuel Freire é um pescador experiente. Morador de Areia Branca, cidade da Costa Branca Potiguar, RN, saiu para pescar às 21 horas, como de costume.
A rotina era sempre a mesma. Ele saía no domingo à noite e voltava na segunda pela manhã com seus peixes. No entanto, desta vez seu retorno demorou mais do que o normal.
O filho, mesmo sabendo da experiência do pai, entrou em desespero. A primeira coisa que fez foi procurar as autoridades marítimas.
“Tentamos falar com a capitania, mas disseram que tinha que esperar 24h. Sabendo que ele estava no mar, à deriva, não ia esperar 24 horas. Então a gente fretou uma balsa, conseguimos atravessar para Grossos, mas não tivemos sucesso. Eu sabia que a probabilidade de encontrar ele vivo era muito pequena”, contou o filho.
Enquanto isso, seu pai estava em alto mar, com o barco sem combustível. E para piorar, o barco que estava à deriva foi fortemente acometido pelos ventos e virou, deixando Manuel em uma situação muito arriscada.
Ele conta que a embarcação virou enquanto ele esperava pelo socorro, que não chegou. Por sorte, uma peça do barco se soltou, a quilha, e o pescador a utilizou para boiar.
Um grande susto!
Em um momento de aflição, ele conta que pensou em tomar uma atitude desesperada, por estar sem rumo a muitas horas não sabia a qual distância estava da costa, então planejou se lançar ao mar e tentar ir nadando até a faixa de areia.
“Eu ainda fiquei em cima dela a noite todinha. Eu ainda quis pular, mas eu lembrei que tenho um problema e poderia dar câimbra em mim. E eu me pegava muito com Deus, orando. Sei que, graças a Deus, deu tudo certo! Estou aqui vivo, contando a história”, disse Manoel.
Felizmente, a natureza que lhe lançou ao mar também foi muito bondosa com ele. Isso porque, sem a necessidade de se atirar ao mar, os ventos o levaram para costa sobre a peça que ele utilizava como boia.
A volta para casa
Ele aportou na cidade de Tibau, na terça-feira, às 5 horas, 34 horas depois de seu embarque. Duas horas depois ele estava em casa, onde foi recebido por sua esposa e caiu em lágrimas.
Sem saber que o pai já estava em casa, o seu filho, Nicássio, continuou as buscas e encontrou o barco do pai virado em alto mar. Pensou de imediato que o pior tinha acontecido, mas a tristeza se transformou em alegria ao receber uma ligação informando que o pai já estava em casa.
“As coisas dele ao redor (do barco). É uma situação que você se depara e não quer acreditar. A gente desvirou a embarcação, tirou a água de dentro e eu vim rebocando ela, era vindo e chorando. Feliz, mas sabendo que a chance de meu pai ter morrido era muito grande, eu já estava com a certeza que ele tinha morrido”, contou o filho.
“Agora fica só a história pra contar”, contou o pescador, que é famoso por suas famosas “histórias de pescador”, mas que agora tem uma real, que se não fossem as testemunhas, seria bem difícil de acreditar.
Fonte: G1
Formado em História, entusiasta da literatura, apaixonado por artes.