Mãe que trabalha como catadora de lixo aprende a ler e escrever com filho de 11 anos
Depois de passar anos sem conseguir estudar, mãe aprende a ler e escrever com seu filho de 11 anos que adora aprender!
Essa é uma daquelas histórias que ficamos cheios de amor e inspiração. Ainda que seja uma realidade que reflete outros milhões de pessoas, uma exceção sempre nos deixa mais alegres.
Trabalhando como catadora de lixo, a história de Sandra Maria de Andrade, de 42 anos, que é da periferia de Natal, no Rio Grande do Norte, chegou a ser uma das coisas mais inspiradoras de se ler, quando a BBC Brasil conheceu a sua família.
Sandra Maria passou por uma vida cheia de lutas desde o momento em que nasceu. Sendo rejeitada pelos pais e sendo adota por um lar onde era privada de ir à escola, nada foi simples para ela.
Ao crescer, como sempre fala a “falta de instrução” acabou lhe privando de muitas coisas. Os casamentos que não deram certo só lhe trouxeram tristeza e medo até mesmo de perder a própria vida.
Sandra chegou a ter sete filhos. Mas depois de viver muitos anos na rua, acabou perdendo quatro deles para doenças que nem mesmo saberia explicar como acontecia.
E foi quando perdeu uma filhinha atropelada, que decidiu que as mudanças precisavam chegar sim. Um dos seus filhos, o Damião Sandriano de Andrade Regio, com três anos já mostrava apoio a mãe, que não pensava em desistir.
Para Sandra, uma das maiores vergonhas que chegou a sentir foi quando tirou a sua identidade e sem saber escrever seu nome, precisou usar sua digital no documento.
Como um filho cheio de amor, ele decidiu aprender por ela
Ainda em 2017, quando tinha 11 anos, Damião conta que chegou a aprender a ler com muita determinação e pedia a ajuda de sua professora para “saber mais”, pois precisava repassar para sua mãe.
“Eu vou aprender e, quando aprender, vou ensinar à senhora”, era o que dizia o pequeno Damião! E foi o que aos poucos começou a acontecer.
O que não faltava para ele, era a alegria de chegar em casa e saber que tinha coisas novas para repassar a sua mãe. Muitas vezes, até mesmo “desmaiada” de tanto trabalhar, só conseguia lhe ouvir ler.
“Foi com esses livrinhos que tudo foi se desenganchando. Eu tomava banho, deitava na rede, ele vinha e me chamava pra ler. Eu queria ver os desenhos, mas também queria aprender as letras. Ficava curiosa”, lembra ela.
Decidida, só pensava em uma coisa: “Quando eu aprendi, disse: vou fazer outra identidade que é pra quando chegar nos cantos eu dizer: eu sei fazer meu nome. Pra mim, já era tudo eu saber. Chegar lá, o povo dizer assine aqui e eu dizer: agora eu já sei, não sinto mais vergonha”.
Até que aos poucos foi aprendendo com o seu garotinho a diferença das letras e tudo mais! Em um dia especial, não esquece que precisou ir à escola do Damião e ao chegar lá, soube escrever seu nome.
Ainda em 2016, mãe e filho chegaram a ler mais de 100 livros juntos e contando apenas os que o Damião trazia da escola. Inspirando, ela criou um “santuário” só com os livros que encontrava quando trabalhava.
E ao aprender muitas outra coisas com a mãe, o garoto reconhece: “É tipo eu e minha mãe. Eu estou ensinando uma coisa a ela e ela me ensina outra. Eu era novinho, ela me cuidava, eu cuidava dela. Ela dava um abraço em mim eu dava dois. Foi assim que nós começamos a nos amar.”
Fonte: BBC Brasil
Analista de SEO e editora do Awebic e Receitinhas. Escrevendo desde sempre, formada em jornalismo, fotógrafa por hobby, dando as caras na centraldoleitor.com, apaixonada por gatos, café e Harry Potter; Amandinha é leitora fissurada e estudante ininterrupta antes de qualquer coisa.